quarta-feira, março 12, 2008

Alguns autocarros não cumprem as normas para deficientes

Os transportes públicos de Vila Real, entregues à Corgobus, não garantem, na totalidade, o acesso a utentes deficientes, designadamente os que se deslocam em cadeira de rodas.

Márcio Martins, de 23 anos, é um desses cidadãos e, apesar de "ter escrito no livro de reclamações da empresa" e de se ter "queixado à Câmara de Vila Real, não obteve qualquer resposta às suas solicitações.

Em causa está a circulação de autocarros que não possuem rampa de acesso nem lugares destinados a deficientes. O estudante de Engenharia da Reabilitação da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), natural de Amarante, tem "muitas vezes de pedir boleia aos amigos, para regressar à residência de estudantes", referiu.

O investigador da UTAD, Francisco Godinho, apoia o aluno e diz que "a empresa tem a cumplicidade da Câmara, que está a permitir que seja contornada a legislação".

João Queirós, administrador da Corgobus, recorda que "ainda recentemente a UTAD apresentou um estudo sobre os transportes públicos com resultados muito positivos", e garante que "as viaturas têm todas a aprovação do Instituto de Mobilidade e Transportes Terrestres e que o contrato existente com a autarquia está a ser integralmente cumprido". O responsável acrescenta, no entanto, que se trata de uma "situação temporária, que estará resolvida em Junho, com a chegada de novos autocarros, que demoram algum tempo a ser construídos".

João Queirós diz que a empresa já falou com Márcio, "mas tendo em conta os meios de que dispomos e o facto de os seus horários coincidirem com os da maioria dos alunos da UTAD, para garantirmos lugar para ele, temos de deixar nas paragens outras 50 pessoas, porque temos de usar um autocarro mais pequeno".

O presidente da Câmara Municipal de Vila Real, Manuel Martins, considera "estranhas estas queixas, quando 10 dos 13 autocarros têm acesso para deficientes. E desafia Francisco Godinho a efectuar uma avaliação dos transportes públicos de outras cidades para comparar os serviços". O autarca recusa, terminantemente, a acusação de "cumplicidade", afirmando que "a cumplicidade da autarquia é apenas com os cidadãos".
Fonte: Jornal de Noticias

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