quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Formação Mobilidade e Acessibilidade - Convite

Exmos. Senhores

O conceito de Acessibilidade acompanha o desenvolvimento qualitativo das cidades e das regiões. A possibilidade de viajar é um direito universal e global. Desta forma, os destinos turísticos devem garantir a igualdade de oportunidade no acesso aos equipamentos e meios edificados, assim como aos transportes e às tecnologias da informação e da comunicação. As barreiras ao lazer e ao divertimento existentes para os portadores de mobilidade reduzida devem ser derrubadas, aumentando a atractividade e competitividade dos destinos.

Neste sentido e no âmbito do programa em desenvolvimento Rota do Turismo Acessível, a Região de Turismo Rota da Luz promove seis acções de formação direccionadas para a melhoria da mobilidade e acessibilidades na requalificação das cidades Polis, destinadas a todos os profissionais que desenham, constroem, gerem e animam espaços e estruturas turísticas e de lazer.

Conforme folheto anexo, as acções pretendem desenvolver competências e estratégias no sentido de formar recursos humanos qualificados, requalificar espaços turísticos e criar dinâmicas de visita. As acções irão decorrer no espaço auditório da sede da Região de Turismo Rota da Luz, durante os meses de Março, Abril e Maio 2007 conforme calendarização.

ACÇÃO 1 - Desenhar Turismo para Todos

Dias 9, 10, 16 e 17 de Março

Sextas-feiras: 09:00 às 12:30 14:00 às 17:30 sábados: 09:00 às 12:30
14:00 às 16:00

Objectivos: Desenvolver competências e estratégias no sentido de desenhar e construir espaços, edifícios e complexos turísticos acessíveis no âmbito do turismo de pessoas com necessidades especiais.

Destinatários: Arquitectos, engenheiros, planeadores, urbanistas, geógrafos e empresários do sector turístico.

Duração: 25 horas

Designação dos Módulos

1. Mobilidade para Todos

2. Urbanismo Universal

3. Mobilidade: Quadro Legal e Procedimentos em vigor

4. Arquitectura e Design Universal

5. Trabalhos de Grupo / Campo e Apresentação de Resultados

ACÇÃO 2 - Aperfeiçoamento e Guias Turísticos

Dias 23, 24, 30 e 31 de Março

Sextas-feiras: 09:00 às 12:30 14:00 às 17:30 sábados: 09:00 às 12:30
14:00 às 16:00

Objectivos: Desenvolver competências e estratégias no sentido de desenhar e construir espaços e edifícios acessíveis na área do Turismo Lazer bem como desenvolver atitudes comportamentais de aproximação entre guias/assistentes turísticos com pessoas de necessidades especiais tendo em vista um apoio efectivo do turismo às famílias com este handicap.

Destinatários: Bacharéis e Licenciados em Turismo e afins.

Duração: 25 horas

Designação dos Módulos

1. Introdução ao Turismo

2. Quadros Legais em vigor na área do turismo

3. Diagnóstico de situações - Turismo/Lazer

4. As relações interpessoais e os guias Turísticos

5. Turismo e lazer e pessoas com necessidades especiais de

ACÇÃO 3 - Turismo e Informação Acessível

Dias 13, 14, 20 e 21 de Abril

Sextas-feiras: 09:00 às 12:30 14:00 às 17:30 sábados: 09:00 às 12:30
14:00 às 16:00

Objectivos: Desenvolver competências e estratégias no sentido de desenhar sistemas de informação acessíveis ao nível do Turismo e Lazer para pessoas com necessidades especiais tendo em vista o desenvolvimento de software e hardware específico para melhoria da acessibilidade como forma inequívoca de combate à infoexclusão.

Destinatários: Operadores Turísticos da Indústria Hoteleira, Posto do Turismo, etc.

Duração: 25 horas

Designação dos Módulos

1. Introdução Turismo

2. Pessoas com necessidades especiais e o turismo

3. Equipamentos e Sistemas de Informação acessíveis

4. Diagnóstico de situação e Trabalhos práticos

5. Simulação de Aprendizagens e Tecnologias/Conclusões

ACÇÃO 4 - Turismo Sénior

Dias 27, 28 de Abril

Sextas-feiras: 09:00 às 13:00 14:30 às 18:00 sábados: 09:00 às 13:00
14:30 às 18:00

Objectivos: Desenvolver competências e estratégias no sentido de desenhar e construir espaços e edifícios acessíveis na área do Turismo de forma a desenvolver atitudes comportamentais e de apoio em particular ao turismo sénior.

Destinatários: Guias, Operadores Turísticos, Profissionais de Saúde, Gerontólogos, etc.

Duração: 15 horas

Designação dos Módulos

1. Introdução Turismo

2. Lazer e Turismo Sénior

3. As relações interpessoais e o Turismo Sénior

4. Boas Práticas

ACÇÃO 5 - Espaços e Momentos de Lazer

Dias 14 e 15 de Abril

Sextas-feiras: 09:00 às 13:00 14:30 às 18:00 sábados: 09:00 às 13:00
14:30 às 18:00

Objectivos: Desenvolver competências e estratégias no sentido de dinamizar espaços e complexos turísticos numa perspectiva de acessibilidade de pessoas com necessidades especiais.

Destinatários: Guias, Operadores Turísticos, Profissionais de Saúde, Gerontólogos, etc.

Duração: 15 horas

Designação dos Módulos

1. Património Histórico e Cultural

2. Lazer e Animação comunitária

3. Dinâmicas e eventos intergeracionais

4. O jogo com estratégia educativa

5. Desenvolvimento local e cidadania

ACÇÃO 6 - Turismo e Pessoas com necessidades Especiais

Dias 7 e 9 de Maio

Segundas: 14:00 às 17:30 quartas: 14:00 às 17:30

Objectivos: Desenvolver atitudes de aproximação de operadores turísticos às pessoas com necessidades especiais, no sentido de um atendimento adequado.

Destinatários: Operadores turísticos, recepcionistas, empregados de Restauração, etc.

Duração: 15 horas

Designação dos Módulos

1. Relações inter - pessoais e Turismo

2. Comunicação e necessidades especiais

3. Resultados e conclusões

O desenvolvimento turístico, social e cultural dos destinos e das cidades deve acompanhar conceitos de modernidade, qualidade e igualdade, sendo a participação dos decisores e responsáveis pela requalificação dos espaços urbanos, e das instituições com cariz social, cultural e turístico nesta formação, essencial para a promoção da qualidade de vida das populações e reconhecimento do destino.

Desta forma, vimos convidá-los a participar nas diversas acções de formação, destacando para o efeito os técnicos cujo perfil e funções se relacione com as temáticas referidas - áreas de planeamento, acção social, turismo, cultura, património e divisões técnicas. Lembramos que as inscrições são gratuitas e decorrem até dia 5 de Março, segunda-feira. As acções terão um máximo de 15 formandos. As inscrições On-line devem ser efectuadas através do site http://apc-coimbra.org.pt/cidadespolis

Com os melhores cumprimentos

Pedro Silva

Presidente da Região de Turismo

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Acessibilidades no “caminho” das tecnologias de informação

"As TIC: Acessibilidades para Todos" é o tema da próxima edição das Jornadas e Encontros EDV Digital, agendada para o dia 28 de Fevereiro, em Vale de Cambra. A sessão realiza-se no auditório da Biblioteca Municipal de Vale de Cambra, a partir das 14.30 horas, e pretende "dar a conhecer alguns projectos de boas práticas na área das novas tecnologias no âmbito da acessibilidade".

A organização da iniciativa tenciona ainda "dar a conhecer aos participantes programas, medidas e acções constantes nos documentos estratégicos", bem como "promover a troca de experiências e fomentar o intercâmbio de boas práticas". A abertura dos trabalhos - liderada pelo presidente da Câmara Municipal de Vale de Cambra, José Bastos - conta ainda com intervenções de Paula Sousa, directora-geral do EDV Digital, e António Alberto Gomes, membro direcção da ADReDV - Agência de Desenvolvimento Regional de Entre Douro e Vouga.

Jorge Fernandes, da UMIC (Agência para a Sociedade do Conhecimento), Isabel Cristina Almeida, coordenadora técnica da Associação Valecambrense de Pais e Amigos do Cidadão, e José Marques, da Secretaria Nacional para Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência, são os oradores convidados.

Plano Nacional de Acção do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos

O Ano Europeu para a Igualdade de Oportunidades para Todos pretende:

sensibilizar a população para os benefícios de uma sociedade mais justa e solidária, através da promoção da igualdade e da não discriminação, onde se ofereçam a todas as pessoas, independentemente do sexo, origem étnica, religião ou crença, deficiência, idade e orientação sexual, as mesmas oportunidades, evidenciar os benefícios da diversidade como base da vitalidade sócio-económica e da prosperidade da Europa, e desenvolver representações e competências sociais capazes de garantir a coexistência social pacífica no espaço comunitário.
Objectivos a serem desenvolvidos nas acções previstas pelos Estados Membros:

1. Direitos – Sensibilizar para o direito à igualdade e à não discriminação, assim como para a problemáticas das discriminações múltiplas. Salientar-se-á a mensagem de que todas as pessoas têm direito à igualdade de tratamento, independentemente do sexo, origem étnica ou racial, religião ou crença, deficiência, idade ou orientação sexual. O Ano Europeu permitirá às populações expostas à discriminação conhecerem melhor os seus direitos e a legislação europeia existente em matéria de não discriminação;

2. Representação – Fomentar um debate sobre formas de aumentar a participação na sociedade de grupos que são vítimas de discriminação e de obter uma participação equilibrada entre homens e mulheres. Incentivar-se-á a reflexão e a discussão sobre a necessidade de promover a participação acrescida destes grupos na sociedade e o seu envolvimento nas acções destinadas a combater a discriminação em todos os sectores e a todos os níveis;

3. Reconhecimento – Facilitar e celebrar a diversidade e a igualdade. Destacar-se-á o contributo positivo que as pessoas independentemente do sexo, orientação racial ou étnica, religião ou crença, deficiência, idade ou orientação sexual, podem dar à sociedade como um todo, em particular acentuando os benefícios da diversidade;

4. Respeito - Promover uma sociedade mais coesa. Sensibilizar-se-á para a importância de eliminar estereótipos, preconceitos e a violência, de promover boas relações entre todos os membros da sociedade e, em especial, entre os jovens, e de fomentar e divulgar os valores subjacentes ao combate à discriminação.

Na elaboração do Plano nacional estiveram presentes duas outras preocupações de natureza estratégica:

Uma abordagem da igualdade de oportunidades, numa lógica de inclusão social, centrada na questão das discriminações múltiplas;

A articulação com a sociedade civil, nas suas múltiplas componentes, tanto para a preparação como, sobretudo, na concretização dos objectivos e acções a programar.
A responsabilidade de coordenação das actividades do Ano Europeu 2007 foi entregue, por decisão do Conselho de Ministros, a uma Estrutura de Missão sob tutela do Ministro da Presidência e do Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social.

Para o envolvimento da sociedade civil na implementação do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidade para Todos foi assegurada a representação das organizações não governamentais por área de discriminação, através de uma articulação directa com a Estrutura de Missão.

Pela diversidade do tipo de actividade previstas, pretende-se conquistar a atenção e, sempre que possível, a participação de todos cidadãos, envolvendo os mais variados públicos no âmbito nacional, local e regional.

Com igual preocupação de tornar abrangente o impacte do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidade para Todos, procurou-se que a calendarização das acções (sob diferentes formatos: campanhas, iniciativas, mostras) se distribuísse por todo o ano de 2007 com características de forte descentralização territorial.

Plano Nacional de Acção do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades de Oportunidades para Todos
Fonte: Portal do Governo

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Deficientes ficam à porta de monumentos nacionais

Os deficientes não entram." José Angelo, 49 anos, 20 dos quais tetraplégico, nem queria acreditar quando um funcionário lhe quis negar o acesso ao Palácio da Pena, em Sintra. Motivo: "O edifício não está preparado para cadeiras de rodas." Ali perto, no Palácio nacional da Vila, disseram-lhe, a seguir, a mesma coisa, tal como no Palácio nacional de Mafra, onde estivera antes.

José Angelo, residente em Coimbra, casado, pai de uma filha de nove anos, depressa concluiu que ficará sempre à porta da maior parte dos monumentos nacionais geridos pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (Ippar). Elísio Summavielle, em declarações ao DN, admite que esta foi a situação encontrada há um ano quando assumiu a presidência desta entidade. Mas, garante, "a realidade vai mudar".

Foi um fim de semana "triste" para José Angelo e para a esposa, Maria João, de 39 anos, que com um grupo de amigos de Coimbra quiseram "sair para fora cá dentro" no período de carnaval. Aquele Palácio da Pena, expressão máxima do romantismo aplicado ao património no século XIX, ficará em má memória. Os serviços de turismo de Sintra haviam dito a Maria João que, em vez de levar o carro para o centro da vila, poderia usar o comboio turístico que os transportaria até ao monumento.

Até aqui tudo correu conforme o planeado. O problema surgiu ao chegarem ao palácio. Os funcionários disseram que José não podia entrar. Justificaram que havia muitas escadas, e que o edifício não se encontrava preparado para pessoas com deficiência em cadeira de rodas. "A sua entrada empataria os restantes visitantes", ouviu. Os amigos juntaram-se e garantiram que pegariam na cadeira com José, à força de braços, sempre que fosse necessário subir e descer escadas. A permissão, "em jeito de favor", surgiu com a justificação de que "há pouco movimento".

A indignação impediu José e Maria João de apreciarem aquele repositório de épocas, estilos e gostos, deixando lavrado um protesto numa folha A4, porque nem livro de re- clamações ali havia. O mesmo protesto deixaram escrito, depois, no Palácio Nacional de Sintra, onde funcionários "bem mais simpáticos" lamentaram a falta de rampas para cadeiras de rodas.

Visitas impossíveis

O DN, sem se identificar, contactou os serviços deste palácio dizendo que pretendia agendar uma visita para pessoas em cadeiras de rodas. Um funcionário respondeu que "seria impossível", atendendo às condições do edifício, e aconselhou uma visita ao Palácio de Queluz. Usando o mesmo argumento, foi contactado o Convento de Cristo, o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre de Belém, a Estação Arqueológica de Miróbriga, o Panteão Nacional, e outros, constituindo a maioria dos pertencentes do Ippar. Todos lamentaram não ter condições para cidadãos em cadeiras de rodas.

Guedes da Fonte, de 65 anos, da Associação de Deficientes das Forças Armadas, lamenta não poder assistir aos "belos" concertos no Convento de Mafra, onde José e Maria João também lavraram um protesto. As 48 escadas do edifício são catastróficas.

Maria de Lurdes Afonso, da Associação Portuguesa de Deficientes (APD), na secção da Amadora, já só queria uma rampa no Centro de Saúde da Venda Nova. Para esta tesoureira da APD, o acesso à cultura é importante, mas gostaria mais de ter acessível, por exemplo, o Notário do Centro Comercial Babilónia, na Amadora. Espero que o Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos (que hoje se assinala) não seja uma mentira como foi o Ano Europeu das Pessoas com Deficiência", disse Maria de Lurdes. O DN tentou falar com a Liga Portuguesa dos Deficientes Motores, mas nenhum responsável esteve contactável.

Fonte: http://dn.sapo.pt

Programação Oi Futuro / Museu das Telecomunicações

Programação Oi Futuro / Museu das Telecomunicações por MAQ

Acabo de chegar do Museu do Telefone ou das Telecomunicações, como queiram. Não vai dar para fazer uma reportagem para se ganhar o prêmio Esso de jornalismo, pois não levo o mínimo jeito para a profissão.

Posso dizer, no todo, que foi muito agradável a ida ao museu e tudo que se aprende por lá. A rua do museu é a 2 de Dezembro, uma das mais conhecidas ruas transversais à Rua do Catete, no bairro de mesmo nome aqui do Rio de Janeiro. Entra-se no Centro Cultural da OI Futuro no número 63, mas não esperem encontrar esse título por lá, só está escrito Oi Futuro, mas é um tremendo centro cultural. Existe biblioteca, exposições de todos os tipos, como fotográfica, de artes etc. Uma recepcionista nos recebe e indica o caminho mais adequado para irmos à parte do centro que nos interessa. No caso, o museu das Telecomunicações é no sexto andar e vamos, Eu e Tadzo, meu filho, para os elevadores.

Como a maior parte dos elevadores modernos aqui do Rio, tinha Braille para indicar os andares e, surpresa, o elevador falava! O jeca aqui já tinha entrado em vários elevadores falantes e até se apaixonado por algumas vozes de mulheres que nos dizem, carinhosamente, o andar onde o elevador está e se ele está indo para cima ou para baixo, subindo ou descendo. Bem, como disse, ela falou... provérbios do tipo: "Um Homem pode-se considerar completo..." aquela voz sussurrante e rouca, como se estivesse falando só para você e no seu ouvido... "quando, ao chegar à ser velho, sentir-se uma criança. " (criança pode ser, mas velho é sua avó!) Tão profundos provérbios que achei que iria passar a tarde inteira no elevador para aprender mais! Bem, o elevador parou e ela disse: "Quinto andar". Eu respondi interiormente: "Ok, beleza, mas vou para o sexto". Meu filho, muito do desavisado, começou a sair dizendo, "Vamos pai, chegou!". Eu, todo feliz de ter apertado o andar sozinho no teclado do elevador, de ter escutado a Marilyn Monroe dizendo "Quinto Andar", orgulhoso e todo cheio de mim exclamei: "Volta seu distraído, estamos no quinto, o museu é no sexto!". "Sai logo, pai, estamos no museu, o elevador parou no sexto andar, eu vi". Esse "eu vi" dele foi fulminante... Saí rapidamente, antes que a linda e sensual voz risse da minha cara, e todo impertigado chegamos à recepção do museu.

"Eu gostaria de falar com o Márcio,relações públicas aqui de vocês." "Certo", respondeu a moça, "mas ele deu uma saidinha e volta logo, será avisado de sua chegada.". "Você sabia que o elevador está falando o andar errado?". "Ah, sim, é assim mesmo, ele é meio maluco, e olha que foi concertado há pouco tempo". "Sei...", quase respondi que quando a moça que fala os andares saísse da cama e tomasse um banho bem frio o elevador passaria a funcionar melhor, mas deixei pra lá. "Querem pegar os aparelhos?" "Aparelhos?". "Sim, é para o senhor escutar a exposição". Foi-nos entregue uma espécie de IPOD para colocarmos, com uma fita, em volta do pescoço.

A exposição do museu é toda feita em telas colocadas nas paredes e em grandes salas. Você chega em frente a uma tela dessas onde sempre está o título daquilo que vai aparecer na tela. Dessa forma, você vai passando de tela em tela, aponta o IPOD na direção da tela e o fone de ouvido que vem junto com ele começa a falar o assunto específico daquela tela, que pode ser: "Essa Coisa Fala", que foi o que Dom Pedro II expressou quando escutou pela primeira vez o telefone falar. Do outro lado estava Graham Bell dizendo a frase "To be or not to be, this is the question", especialmente para o imperador perceber que a coisa funcionava. Essa cena se passa numa exposição internacional de invenções em que D. Pedro II foi convidado especial e a surpresa de Dom Pedro saiu em todos os jornais. Aconteceu em 1876. Em 1877 chegou o primeiro telefone no Brasil, e adivinhem para quem? Resposta: Dom Pedro II! O primeiro foi presente de Graham Bell ao nosso imperador que se entusiasmou com a coisa que falava e implantou o sistema telefônico no Brasil. Você chega em outra tela e aparecem os inúmeros tipos de telefones que o Brasil possuiu e que foram inventados pelo mundo.

Em outra tela se fala da internet , onde se escuta, e se vê na tela, pessoas dando depoimento do que seja a internet, a comunicação do século e coisas afins. Perguntei ao meu filho se tinha alguma pessoa com deficiência falando algo a respeito da internet, mas não, nenhuma... e dizia ali que a internet era para todos, do Rio grande ao Amazonas etc... eu disse ao Márcio que se aparecesse uma pessoa com deficiência por ali, seria realmente a demonstração pública que a internet era para todos... ele anotou minha observação e, na hora, exclamou: "Claro!". gostei do "Claro" dele, estando nós na OI. (Essa foi infame! Por favor, me prendam!).

Passei também por uma tela que era dos grandes comunicadores, fantástico! Apareceram Chacrinha, Flávio Cavalcante, Faustão quando era da Record, muito mais expontâneo e engraçado, Sílvio Santos quase rapaz e etc... Saudades não tem idade, muito bom!

Tem uma réplica do primeiro telefone que veio para o Brasil, o tal do Dom Pedro II, de todos os telefones de época, passando pela telebrás e chegando até os telefones dos orelhões e inúmeros celulares.Esses são telefones de verdade, expostos ali mesmo, mas que não podemos tocar... que vontade de colocar meu ouvido para escutar o Graham Bell falando "To be or not to be, this is the question!".

Telas e telas de informações. Porém, tudo que aparecia nas telas tinha correspondência no que eu ouvia. Saí bem informado. Soube da primeira televisão a cores do mundo, da primeira no Brasil, tudo muito informativo e curioso, em um ambiente bem refrigerado para o calor do Rio e tremendamente moderno. Sentimos que estávamos no museu do futuro, da OI Futuro (www.oifuturo.org.br).

Falei de audiodescrição para o Márcio, da LIBRAS, da legenda em português e das adaptações para cadeira de rodas. Bem, para cadeirantes é tudo bem acessível. Fui no banheiro adaptado, que fica no primeiro andar, segundo a moça sensual do elevador, mas que era, na verdade, o segundo andar! Ou seja, o que ela falar, é sempre mais 1! O banheiro é super espaçoso, portas largas, dá para mais de uma cadeira de rodas entrar (olha a bagunça aí gente!) e com barras de ferro para se segurar. Não sou cadeirante, sou cego, e o banheiro é tão largo que fui com calma para achar o vaso, que parece que é uma ervilha no meio do deserto. Achei-o. No entanto, era uma barra do lado esquerdo de quem senta e outra atrás do vaso... é isso mesmo? No outro banheiro que fui, em São Paulo, era uma barra do lado direito e outra do lado esquerdo. Bem, aainda me especializo nisso!

Quando íamos saindo, o Márcio veio com um livrinho dizendo que as pessoas surdas, apesar de não ter acessibilidade para elas, que soubessem português, havia um livrinho com todas as falas dos vídeos transcritas e em português. Além de ver as imagens, os surdos poderiam ler o livro acompanhando. Bem, os surdos que soubessem português, claro. Márcio disse que iria levar minhas observações para a diretoria do museu, que o museu era novo, tinha um mês, e que as coisas poderiam ser implementadas aos poucos.

Em minha modesta opinião, os cadeirantes e cegos, além dos surdos que souberem português, que quiserem fazer um bom e curioso programa, sairão satisfeitos e não perderão tempo em visitar esse museu da OI Futuro. Se escutam muitas crianças rindo e querendo ver mais vídeos por lá. Segundo o Márcio, são mais de 6 horas de exposição. Achei quase tudo que escutei muito interessante, educativo e cultural. Os cadeirantes em especial, que não tiverem nenhum problema de visão, existem outras exposições no prédio, todas futurísticas, inacessíveis a cegos mas que seriam muito interessantes para todos os demais.

De qualquer forma... vale a pena!
(Fotos em anexo - na verdade, queria uma foto minha com meu filho para colocar na Bengala Legal. Sendo assim, as fotos não são exatamente do museu, mas de minha estada por lá. Eu com Tadzo, meu filho e eu com o Márcio, o acessor de imprensa e eu e o banheiro, cara legal e espaçoso, no bom sentido).

Abraços acessíveis, inclusivos e fáceis de usar do quase jornalista MAQ

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Britânicos criam “telefone com rosto” para surdos

Um computador que gera imagens de rostos em movimento a partir da fala está ajudando deficientes auditivos a se comunicarem pelo telefone.

A tecnologia, batizada de Synface - a junção das palavras inglesas "synthetic" e "face", ou "rosto sintético" - foi desenvolvida por pesquisadores do Royal Institute of Technology em Estocolmo, na Suécia, e da University College London, em Londres.

O sistema foi elogiado por 40 voluntários que o testaram na Grã-Bretanha, e agora os cientistas vão usar os resultados obtidos para aperfeiçoar a tecnologia antes de colocá-la no mercado, dentro de cinco anos.
O programa pode ser instalado em um computador comum e é acoplado a um telefone.

"Brilhante"

O londrino Robin Zackheim, de 55 anos, participou da série de testes.
"É uma idéia brilhante. Há anos eu não consigo escutar muito bem ao telefone e preciso pedir às pessoas que repitam tudo"disse"(A tecnologia) permitiu que eu entendesse 90% do que as pessoas estavam falando, em vez de 40%", explicou. Os usuários conectam o telefone a um computador com o programa instalado e falam normalmente.

O sistema reconhece os diferentes sons produzidos pela pessoa do outro lado da linha e recria os movimentos labiais em um rosto artificial que se move na tela.
Isso permite que o usuário faça leitura labial em tempo real, além de ouvir a fala da outra pessoa também pelo telefone convencional.
Os pesquisadores esperam que a tecnologia possa ser utilizada também em conexão com telefones celulares, computadores handhelds e outros aparelhos portáteis.

Para os cientistas, a tecnologia também pode ser útil em ambientes barulhentos.

Fonte: Site BBC Brasil

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Orientação e mobilidade

As viaturas com motor híbrido, mais económicas em carburante porque utilizam gasolina e electricidade, são perigosas para os peões porque são silenciosas, afirma a Federação Americana dos Invisuais, a NFB.

O silêncio dos motores híbridos pode provocar acidentes com peões, quer sejam cegos, crianças, idosos, ciclistas ou pessoas distraídas, segundo a Federação.

No entanto, a NFB reconhece que não houve, até à data, nenhum acidente mortal registado atribuído especificamente a viaturas híbridas.

«Efectuámos testes com cegos para conseguir perceber se as pessoas ouviam, ou não, o carro a aproximar-se antes de atravessarem a rua. E a realidade é que não ouvem», indicou à agência noticiosa francesa AFP John Paré, porta-voz da Federação dos Invisuais.

«Uma viatura deve ser identificada pelo seu barulho como sendo uma viatura», afirma Chris Danielsen, um invisual que participou num teste efectuado em Novembro, em Baltimore.

A NFB tentou contactar em vão a Toyota, a Honda e a Ford para pedir que os fabricantes acrescentassem mais ruído aos modelos híbridos.

Segundo um porta-voz da Toyota, o primeiro construtor de automóveis híbridos nos Estados Unidos, contactado pela AFP, não estão, para já, previstas alterações nesse sentido.

Diário Digital / Lusa

Fonte: http://diariodigital.sapo.pt

Tecnologias assistidas

Informações Básicas sobre Tecnologia Assistiva

Denomina-se Tecnologia Assistiva qualquer ítem, peça de equipamento ou sistema de produtos, adquirido comercialmente ou desenvolvido artesanalmente, produzido em série, modificado ou feito sob medida, que é usado para aumentar, manter ou melhorar habilidades de pessoas com limitações funcionais, sejam físicas ou sensoriais.

CARACTERÍSTICAS:

• A Tecnologia é considerada Assistiva quando é usada para auxiliar no desempenho funcional de atividades, reduzindo incapacidades para a realização de atividades da vida diária e da vida prática, nos diversos domínios do cotidiano. É diferente da tecnologia reabilitadora, usada, por exemplo, para auxiliar na recuperação de movimentos diminuídos.

• Instrumentos são aqueles que requerem habilidades específicas do usuário para serem utilizados, por exemplo, uma cadeira de rodas, que precisa ser conduzida pelo usuário. Equipamentos são os dispositivos que não dependem de habilidades específicas do usuário, por exemplo, óculos, sistema de assento.

• A Tecnologia Assistiva pode ser comercializada em série, sob encomenda ou desenvolvida artesanalmente. Se produzida para atender um caso específico, é denominada individualizada. Muitas vezes é preciso modificar dispositivos de tecnologia assistiva adquiridos no comércio, para que se adaptem a características individuais do usuário.

• Pode ser simples ou complexa, dependendo dos materiais e da tecnologia empregados.

• Pode ser geral, quando é aplicada à maioria das atividades que o usuário desenvolve (como um sistema de assento, que favorece diversas habilidades do usuário), ou específica, quando é utilizada em uma única atividade (por exemplo, instrumentos para a alimentação, aparelhos auditivos).

• A Tecnologia Assistiva envolve tanto o objeto, ou seja, a tecnologia concreta (o equipamento ou instrumento), quanto o conhecimento requerido no processo de avaliação, criação, escolha e prescrição, isto é, a tecnologia teórica.
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PRINCIPAIS TIPOS, SEGUNDO ÁREAS DE APLICAÇÃO:

Adaptações para Atividades da Vida Diária: Dispositivos que auxiliam no desempenho de tarefas de auto-cuidado, como o banho, o preparo de alimentos, a manutenção do lar, alimentar-se, vestir-se, entre outras.

Sistemas de Comunicação Alternativa: Permitem o desenvolvimento da expressão e recepção de mensagens. Existem sistemas computadorizados e manuais. Variam de acordo com o tipo, severidade e progressão da incapacidade.

Dispositivos para Utilização de Computadores: Existem recursos para recepção e emissão de mensagens, acessos alternativos, teclados e mouses adaptados, que permitem a pessoas com incapacidades físicas operar computadores.

Unidades de Controle Ambiental: São unidades computadorizadas que permitem o controle de equipamentos eletrodomésticos, sistemas de segurança, de comunicação, de iluminação, em casa ou em outros ambientes.

Adaptações Estruturais em Ambientes Domésticos, Profissionais ou Públicos: São dispositivos que reduzem ou eliminam barreiras arquitetônicas, como por exemplo rampas, elevadores, entre outros.

Adequação da Postura Sentada: Existe um grande número de produtos que permitem montar sistemas de assento e adaptações em cadeiras de rodas individualizados.

Permitem uma adequação da postura sentada que favorece a estabilidade corporal, a distribuição equilibrada da pressão na superfície da pele, o conforto, o suporte postural.

Adaptações para Déficits Visuais e Auditivos: São os ampliadores, lentes de aumento, telas aumentadas, sistemas de alerta visuais e outros.

Equipamentos para a Mobilidade: São as cadeiras de rodas e outros equipamentos de mobilidade, como andadores, bengalas, muletas, e acessórios. Ao selecionar um dispositivo de auxílio à mobilidade, este deve ser adequado à necessidade funcional do usuário, avaliando-se força, equilíbrio, coordenação, capacidades cognitivas, medidas antropométricas e postura funcional.

Adaptações em Veículos: Incluem as modificações em veículos para a direção segura, sistemas para acesso e saída do veículo, como elevadores de plataforma ou dobráveis, plataformas rotativas, plataformas sob o veículo, guindastes, tábuas de transferência, correias e barras.

sábado, fevereiro 03, 2007

Técnica desenvolvida na Unicamp permite que deficientes visuais apreciem a arte pictórica

Os principais museus do mundo estão preocupados em garantir o acesso à arte pictórica para pessoas cegas ou com reduzida acuidade visual. É uma tendência cada vez mais acentuada também no Brasil, particularmente em museus de São Paulo e do Rio de Janeiro. A acessibilidade, no entanto, pode ser assegurada a partir da escola fundamental, por iniciativa dos professores de artes, mesmo que de forma simplificada.

Essa e a proposta da artista plástica Laura Chagas, em trabalho de iniciação científica que realizou no Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação Prof. Dr. Gabriel Porto (Cepre) da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. A artista teve a orientação de Lucia Reily, pesquisadora e arte-educadora do Cepre e professora de fonoaudiologia e do programa de pós-graduação do Instituto de Artes.

"A idéia inicial era produzir um livro com ilustrações táteis para deficientes visuais. Nas conversas com a professora Lucia, veio a proposta de selecionar algumas pinturas importantes da arte brasileira e trabalhá-las em relevo ou em algum suporte tátil, a fim de que eles pudessem ter contato com obras pictóricas, conta Laura. Como o objetivo é possibilitar esse contato desde a infância, a autora optou por utilizar materiais baratos e técnicas simples, reprodutíveis e acessíveis aos professores da escola fundamental.

Lembrando o crescente fortalecimento dos movimentos em favor da inclusão social, Lucia observa que os professores de artes podem cumprir um papel importante ao assegurar para alunos portadores de deficiências visuais o mesmo privilégio dos demais, o da percepção da pintura. "São crianças que precisam de referências táteis. Esse material de referência serve para mostrar aos professores uma ferramenta capaz de motivar e entusiasmar os alunos especiais a conhecerem o patrimônio artístico".

Na parte teórica da pesquisa, Laura Chagas realizou o levantamento do que já foi publicado sobre o tema no País - material disponível no endereço www.arteemcomum.org - e entrevistou especialistas da Pinacoteca do Estado e do Masp. Também navegou pela Internet para saber o que importantes museus de outros países vêm fazendo para atender os deficientes visuais. Na prática, durante um curso oferecido pela Pinacoteca, Laura testou materiais e colas para os protótipos que desenvolveu.

Na seleção das obras que seriam trabalhadas em relevo e com outros materiais, Laura considerou a importância do artista, a viabilidade de adaptar sua pintura à representação tátil e a possibilidade de construir uma linearidade com exemplos de cada período da pintura brasileira. Ela destaca três trabalhos dos diversos executados.

Do francês Jean Baptiste Debret, que pintou o Brasil do século 19, Laura escolheu a aquarela Calceteiros, que retrata o trabalho escravo em uma praça do Rio de Janeiro. A pintura é cheia de detalhes, mas a artista representou apenas os dois escravos do primeiro plano. Para isso, utilizou a chamada borracha E.V.A. (etil vinil acetato), que por suas cores, facilidade de manuseio, limpeza e durabilidade transformou-se em bom material para trabalhos artesanais e escolares. Ela afirma que poderia representar também as cenas de fundo, separando-as em camadas e trabalhando cada uma delas em pranchas. Outra possibilidade seria descrever as cenas do quadro, como fazem alguns museus, o que a artista considera pouco satisfatório, já que a proposta é permitir às crianças contato com a obra.

Com Mastros, de Alfredo Volpi, que trabalha cores e formas, Laura Chagas usou materiais de texturas diferentes. O propósito foi evidenciar de maneira tátil as diferenças nas passagens de cor, sem a preocupação de associar as cores propriamente, mas de destacar sua variação.

A Negra, de Tarsila do Amaral, mereceu uma solução intermediária entre as duas anteriores: em uma única prancha. A representação da negra em primeiro plano foi obtida com a colagem em borracha, e a do fundo colorido com materiais de variadas texturas. Os trabalhos apresentam tamanhos que facilitam o contato manual e a reprodução de detalhes, sem que se atenham às dimensões originais.

Frisando que procurou sempre soluções simples e com materiais baratos e acessíveis, Laura informa que os trabalhos similares em museus são muito mais sofisticados, como pranchas em resina, apropriadas para higienização depois de manuseadas por um número grande de visitantes.

Os recursos táteis apresentados pelas pesquisadoras da Unicamp podem ser facilmente adotados por professores do ensino fundamental, mas elas lembram que o aluno com deficiência visual continuará precisando da mediação do educador para relacionar a prancha com outros aspectos da obra original.

"A participação do professor é importante para explicar a linguagem visual e fornecer informações sobre o artista, o momento histórico e o significado da obra nos dias de hoje", afirma Lucia. "Mas o recurso tátil já constitui o primeiro contato do deficiente visual com um universo cultural do qual estaria excluído".

Novas etapas
A previsão é de que o trabalho tenha três novas fases; uma delas para verificar como o aluno cego ou de baixa visão interpreta as obras pictóricas apresentadas em textura e relevo. "Não sabemos os sentimentos e as sensações que a atividade desperta, eles é que devem nos contar. É uma informação que revelaria o grau de adequação do caminho que estamos seguindo", analisa a orientadora.

Outra etapa diz respeito à gestão de museus, com sugestões para tornar o acervo acessível a deficientes visuais, como a criação de uma metodologia combinando o tátil com a descrição verbal da obra gravada em áudio. Tal metodologia permitiria ao deficiente apreciar sozinho maior número de pinturas.

A terceira fase abordaria a gestão da educação especial, assegurando a esses alunos o direito à cultura e o acesso ao mundo visual, assim como o portador de deficiência auditiva tem direito à música, e o de deficiência física, à dança. "A pesquisa não deve servir apenas para que o especialista aprenda mais; ela deve apresentar resultados que sejam úteis à sociedade", conclui Lucia.

FORMAÇÃO EM ENGENHARIA DE REABILITAÇÃO E ACESSIBILIDADE

O estudo europeu HEART - Horizontal European Activities in Rehabilitation Technology, financiado pelo programa TIDE – Technology Initiative for Disabled and Elderly People da União Europeia (1991-1993) - foi levado a cabo com o objectivo de melhorar a situação das pessoas com deficiência e idosas, intervindo a nível de facilitação da cooperação e troca de experiências entre os actores do processo e melhoria da qualidade e eficácia dos produtos e serviços, e criando um mercado único de tecnologias de reabilitação.

A Linha E - Formação em Tecnologias de Reabilitação, coordenada pelo CAPS – Centro de Análise e Processamento de Sinais do Instituto Superior Técnico, teve como principal objectivo propor componentes para um curricula em tecnologias de reabilitação, a diferentes níveis e para diferentes formações de base. Nesta área foi feito um levantamento dos programas de formação existentes na Europa e na América do Norte e foram diagnosticadas as necessidades de formação dos profissionais de reabilitação, no que diz respeito a tecnologias e serviços. Partindo destes resultados foi estabelecido um modelo de formação e um curriculum de formação em tecnologias de reabilitação.

Como conclusão deste estudo para esta área:
- todos os programas devem incluir componentes tecnológicas, humanas e socio-económicas, devendo ser abordadas pela perspectiva do utilizador e do ambiente;
- os requisitos tecnológicos obedecem a quatro áreas referidas como necessárias e que são: mobilidade, comunicação, manipulação e orientação.

O Professor Rory A. Cooper, actual presidente da RESNA - Rehabilitation Engineering and Assistive Technology Society of North América - menciona as competências dos Engenheiros de Reabilitação no seu livro “Engenharia de Reabilitação Aplicada à Mobilidade e Manipulação” (1995).

Competência de Engenharia: A formação ao nível de bacharelato em Engenharia (com a duração de 4 anos nos EUA) ou equivalente é considerado o mínimo de qualificação necessária para a prática de engenharia de reabilitação. Os Engenheiros de Reabilitação devem possuir formação básica de engenharia e algum nível de especialização. Poucos podem ser competentes em todas as áreas de engenharia, contudo Rory Cooper defende que todos os Engenheiros de Reabilitação deveriam ter conhecimentos básicos de projecto de circuitos eléctricos e electrónicos, projecto de máquinas, sistemas e sinais, mecânica dos materiais e informática.

Competência em Ciências da Reabilitação: Segundo Levine (1990) os Engenheiros de Reabilitação devem possuir conhecimentos de Anatomia, Fisiologia, Biomecânica, Neurociências e Análise do movimento do corpo humano.

Competência Científica: Considerando que a Engenharia de Reabilitação é um campo orientado para pessoas (mais do que a maioria das engenharias) devem ser optimizadas as relações entre as tecnologias ou técnicas e as necessidades da pessoa em causa. Para esse efeito estes profissionais devem recorrer a métodos científicos e estatísticos bem como atender ao feedback dos clientes para avaliar a eficácia das tecnologias ou técnicas. Os Engenheiros de Reabilitação devem também estar familiarizados com as técnicas de avaliação de terapeutas e médicos de reabilitação física para poderem fazer recomendações de tecnologia apropriada.

Competência em Tecnologias de Apoio (ou adaptativas): O conhecimento das tecnologias de apoio (Ajudas Técnicas), técnicas e recursos existentes é primordial ao sucesso da actividade dos engenheiros de reabilitação. Neste contexto, os Engenheiros de Reabilitação devem ser capazes de avaliar, modificar e integrar as tecnologias de apoio. Terão que ser capazes de perspectivar sistemas compostos por pessoas e tecnologia. Sempre que possível também deve considerar as questões de acessibilidade económica sem comprometer os objectivos dos clientes.

Competência de trabalho em equipas multidisciplinares: O Engenheiro de Reabilitação deve ser capaz de comunicar e trabalhar com vários profissionais envolvidos nos processos de reabilitação, bem como com o cliente.

Prática de Engenharia de Reabilitação: A prática da Engenharia de Reabilitação pode variar conforme o local de Emprego.
Durante a conferência anual da RESNA é habitual a organização de uma curta formação de 5 horas de preparação para o exame de Tecnologia da Engenharia de Reabilitação. Esta formação está orientada para profissionais com formação em engenharia ou cursos técnicos afins com vários anos de experiência em engenharia de reabilitação.
Os tópicos cobertos são os seguintes:

• Mecânica, Estática, Dinâmica
• Mecânica dos materiais, projecto de estruturas
• Cinemática, projecto de mecanismos
• Teoria de circuitos eléctricos
• Teoria e projecto de Microprocessadores
• Prática e Projecto de Engenharia de Reabilitação
A introdução à Engenharia de Reabilitação pode ter em algumas formações de Engenharia a forma de uma disciplina. É interessante analisar os conteúdos de uma disciplina desta natureza porque em princípio deveria transmitir uma ideia global desta área da engenharia. Apresentam-se três exemplos:

1. Brasil: Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná
Disciplina: Engenharia de Reabilitação
Programa de Pós-Graduação em Eng. Eléctrica e Informática Industrial
Docente:Prof. Percy Nohama
Tópicos:
Engenharia de Reabilitação, Cibernética, Ergonomia, Interfaces, Comunicação Aumentativa e Substitutiva, Mobilidade, Tecnologias de Apoio para Portadores de Deficiências, Biomecânica, Órtoteses e Próteses, Estimulação Eléctrica Neuromuscular
Programa:
Engenharia de Reabilitação. Conceitos
Cibernética. Conceitos
Ergonomia. Ergonomia de software. Projecto de interfaces
4. Ajudas Técnicas para Portadores de Deficiência Visual
Dispositivos para comunicação
Dispositivos para mobilidade
Dispositivos para educação, lazer e ocupação
5. Ajudas Técnicas para Portadores de Deficiência Auditiva
Dispositivos para comunicação
Dispositivos para audição
6. Ajudas Técnicas para Portadores de Deficiência Sensorial
7. Ajudas Técnicas para Comunicação de Indivíduos Não-Vocalizados
8. Ajudas Técnicas para Escrita
9. Dispositivos de Manipulação e Mobilidade
10. Princípios de Estimulação Eléctrica
11. Biomecânica
12 Órtoteses e Próteses
2. EUA: Universidade do Sul da Florida
Disciplina: Rehabilitation Engineering Applied to Mobility and Manipulation
Formação em Engenharia
Departamento de Engenharia Mecânica
Docente: Rajiv V. Dubey
Programa:
Fundamentos de Projecto em Engenharia de Reabilitação
Biomecânica da Mobilidade e Manipulação
Design Universal e Acessibilidade
Transportes Pessoais
Segurança, normas e teste de cadeiras de rodas
Cadeiras de rodas eléctricas e manuais
Suporte para a postura e assento
Próteses de Ortóteses
Equipamentos e veículos para recreação
3. EUA: Universidade Wisconsin-Madison
Disciplina: Design and Human Disability and Aging
Formação inicial de Engenharia
Docente: Gregg C. Vanderheiden
Programa:

Pessoas com Deficiência Visual e Tecnologias de Apoio relevantes
Pessoas com Deficiência Auditiva e Tecnologias de Apoio relevantes
Pessoas com Deficiência Motora e Interface de Tecnologias de Apoio
Pessoas com Deficiência Mental e de Linguagem e Tecnologias de Apoio relevantes
Interacção com Pessoas com Deficiência
Regulamentação Governamental
Avaliação de Design de Produto para a Acessibilidade
Testes de Usabilidade
Design de Produtos para atender as necessidades de utilizadores com limitações sensoriais
Design de Produtos para atender as necessidades de utilizadores com Incapacidades físicas, cognitivas e outras,
Design Universal
A maioria dos cursos fornecidos nos EUA e na Europa aparecem como especialização ao nível de pós-licenciatura ou mestrado em Tecnologias de Apoio, Engenharia de Reabilitação, Tecnologias de Engenharia de Reabilitação ou Ciências da Reabilitação e Tecnologia.

Na Europa podem ser consideradas referencias:

Reino Unido:

Mestrado em Tecnologias de Apoio no King’s College (duração 1 ano) - King’s College em Londres:

Pós-graduação e mestrado em Tecnologias de Reabilitação e Ortopedia na modalidade de ensino à distância (os módulos da formação devem ser concluidos num período entre dois e cinco anos) – Universidade de Dundee

Itália:
Curso de Especialização "Tecnologia para a Autonomia e Integração da Pessoa com Deficiência" (duração 200 H) – SIVA em colaboração com a Universidade Católica de Sacro Cuore de Milão.
Nos EUA encontramos as referências seguidas pela Europa.
O Vermont Technical College foi uma das primeiras instituições de ensino a fornecer formação em Tecnologia de Engenharia de Reabilitação nos EUA. Esta instituição fornece preparatórios de engenharia (2 anos) formando técnicos de Engenharia prontos a exercer uma actividade profissional ou a ingressar em formações de Bacharelato (4 anos nos EUA).

Em 1987 a Universidade de San Francisco ministrou uma pós-graduação em Tecnologia de Engenharia de Reabilitação.

O Departamento de Engenharia Biomédica e de Factores Humanos da Universidade Estadual de Wright – Ohio fornece um programa de mestrado em Engenharia de Reabilitação desde 1991.

O Departamento de Ciências de Reabilitação e Tecnologia da Universidade de Pittsburgh ministra formação em Tecnologias de Reabilitação e Apoio com Certificação em Tecnologias de Reabilitação e Apoio para estudantes mestrado de Reabilitação e Certificação e Engenharia de Reabilitação para estudantes de mestrado em Engenharia (nesta caso passado pela Escola de Engenharia).

Uma lista mais completa sobre formação nesta área pode ser encontrada na secção de links deste site.

LICENCIATURA EM ENGENHARIA DE REABILITAÇÃO E ACESSIBILIDADE HUMANAS NA UTAD (2007 - 2010)
O Senado da UTAD aprovou em 23 de Janeiro de 2006 a criação da licenciatura em Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade Humanas, com o objectivo de a iniciar no ano lectivo de 2007/2008, já adaptada ao processo de Bolonha. Esta meta de partida coincide com o início da presidência portuguesa da União Europeia e abre a possibilidade de lançar na sociedade os primeiros licenciados na Europa com este tipo de formação de raíz em 2010.

A Licenciatura em Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade Humanas, curso de 1º ciclo ao abrigo da Lei nº 49/2005 e do Decreto-Lei 74/2006 que regula os graus académicos e diplomas do Ensino Superior, possui uma organização curricular pelo sistema de créditos europeu (ECTS) composta por 6 semestres (3 anos), procurando dotar o estudante com as competências de base, de domínios técnicos, integradoras (projecto) e sociais requeridas para a formação e actividade profissional de um Engenheiro de Reabilitação e Acessibilidade.
A estrutura da formação assegura mobilidade dos estudantes a nível nacional e europeu e empregabilidade imediata também no espaço europeu.

A Licenciatura em Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade Humanas segue várias recomendações, como as referidas anteriormente, adoptando um modelo de formação transversal na área das Ciências de Engenharia (Informática, Engenharia Mecânica, Electrónica e Automação, Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade) e interdisciplinar no seu conjunto congregando áreas das Ciências Sociais e do Comportamento, Ciências da Gestão e Serviços Sociais.
A distribuição de ECTS da Licenciatura por área científica é a seguinte:

ÁREA CIENTÍFICA (SIGLA): CRÉDITOS

Matemática (MAT): 23; Física (FIS): 5
Informática (INF): 16; Electrónica e Automação (EA): 26; Engenharia Mecânica (EMEC): 26
Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade (ERA): 59
Reabilitação (REAB): 11; Medicina (MED): 6
Sociologia (SOC): 4; Serviços Sociais (SS) 2; Gestão (GEST) 2
TOTAL ECTS:180

Os cinco créditos na área científica de Física não são ilustrativos do peso total desta área no curso pois para além da Física inicial existem mais três unidades curriculares de física aplicada: Mecânica Aplicada, Biomecânica e Biofísica afectas às áreas científicas de Engenharia Mecânica e Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade.
O equilíbrio de ECTS nas áreas científicas de Engenharia Mecânica e Electrónica e Automação evidência a importância que ambas têm neste tipo de formação.

Esta Licenciatura, como Engenharia Humana, é composta essencialmente por uma componente técnica e outra Humana, Social e Económica.
Componente Técnica: Informática, Electrónica e Automação, Engenharia Mecânica, Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade (Tecnologias de Reabilitação, Design Universal e Acessibilidade Electrónica, Biomecânica, Biofísica e Biomateriais, projecto de Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade).
Componente Humana, Social e Económica: Medicina (Anatomia e Fisiologia Humana), Reabilitação (Fundamentos de Deficiência e Reabilitação, Reabilitação Cognitiva), Sociologia (Gerontologia), Gestão e Serviço Social.

PLANO DE ESTUDOS

O Plano de Estudos da Licenciatura contempla 33 unidades curriculares, incluindo projecto anual.Cada semestre é constituído por 30 créditos (ECTS) com uma média de 21 horas/semana de contacto presencial. No total do 1º ciclo de formação o estudante deverá atingir 180 ECTS. Será conferido o grau de Licenciado.
UNIDADES CURRICULARES (SIGLA DA ÁREA CIENTÍFICA): CRÉDITOS

1º Ano, 1º Semestre:

Análise Matemática I (MAT): 6 ECTS
Álgebra Linear (MAT): 6 ECTS
Física (FIS): 5 ECTS
Programação (INF): 5 ECTS
Fundamentos de Deficiência e Reabilitação (REAB): 6 ECTS
Introdução à Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade (ERA): 2 ECTS

1º Ano, 2º Semestre:
Análise Matemática II (MAT): 6 ECTS
Desenho Técnico (EMEC): 6 ECTS
Electrónica Geral (EA): 6 ECTS
Programação por Objectos (INF): 6 ECTS
Materiais e Biomateriais em Engenharia (ERA): 6 ECTS

2º Ano, 1º Semestre:

Probabilidades e Estatística (MAT): 5 ECTS
Processos de Fabrico (EMEC): 5 ECTS
Mecânica Aplicada (EMEC): 5 ECTS
Sistemas Digitais e Microprocessadores (EA): 5 ECTS
Tecnologias de Reabilitação I (ERA): 5 ECTS
Reabilitação Cognitiva (REAB): 5 ECTS

2º Ano, 2º Semestre:

Anatomia e Fisiologia (MED): 6 ECTS
Mecânica dos Materiais (EMEC): 5 ECTS
Instrumentação e Sensores (EA): 5 ECTS
Design Universal (ERA): 5 ECTS
Tecnologias de Reabilitação II (ERA): 5 ECTS
Gerontologia (SOC): 4 ECTS

3º Ano, 1º Semestre:

Sistemas e Órgãos Mecânicos (EMEC): 5 ECTS
Automação e Controlo (EA): 5 ECTS
Biomecânica (ERA): 6 ECTS
Acessibilidade Electrónica (ERA): 6 ECTS
Projecto (ERA): 6 ECTS
Seminário de Gestão (GEST): 2 ECTS

3º Ano, 2º Semestre:

Redes e Aplicações Telemáticas (INF): 5 ECTS
Robótica (EA): 5 ECTS
Biofísica (ERA): 6 ECTS
Projecto (ERA): 12 ECTS
Seminário de Serviço Social (SS): 2 ECTS

Provas de Ingresso (2007/2008):

Uma das seguintes provas:
16 Matemática
ou
02 Biologia e Geologia
ou
07 Física e Química

Vagas previstas: 25

Este curso já foi registado na Direcção Geral do Ensino Superior .
Última actualização: 23 de Janeiro de 2007

Fonte: http://www.engenhariadereabilitacao.net/