quinta-feira, janeiro 24, 2008

Computador capaz de ler lábios

Um grupo de investigadores está a desenvolver um sistema capaz de converter vídeos em texto escrito.

Este sistema será útil a utilizadores surdos e pode ser usado para ditar comandos a computadores em ambientes barulhentos. A pesquisa está a ser levada a cabo por um grupo de cientistas da School of Computing Sciences e da Universidade de Surrey, e espera-se que o protótipo esteja disponível dentro de dois anos.
A aplicação para seguir o rosto e os movimentos dos lábios já foi desenvolvido, e a equipa está agora a trabalhar na biblioteca de vídeos de modo a criar uma base de dados de expressões faciais e de movimentos de lábios para cada combinação de letras.

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Macaco movimenta robô com o pensamento

Se Idoya pudesse falar, ela teria muito de que se gabar.
Na última quinta-feira, a macaca de 5,4 quilogramas e 81 centímetros de comprimento fez com que um robô humanóide de 91 quilogramas e 1,5 metro de altura caminhasse em uma esteira mecânica usando apenas a atividade cerebral dela. Idoya estava na Carolina do Norte, e o robô no Japão.
Esta foi a primeira fez em que sinais cerebrais foram utilizados para fazer um robô andar, diz Miguel A. L. Nicolelis, um neurocientista da Universidade Duke cujo laboratório projetou e executou a experiência.
Em 2003, a equipe de Nicolelis provou que os macacos poderiam usar apenas os seus pensamentos para controlar um braço robótico a fim de alcançar e segurar objetos. Nicolelis diz que tais experimentos são os primeiros passos rumo a uma interface cérebro-computador que poderia permitir que pessoas paralisadas caminhassem ao comandar dispositivos com os seus pensamentos. Eletrodos inseridos no cérebro do indivíduo enviariam sinais para um dispositivo usado no quadril, como um telefone celular ou um pager, que transmitiria os sinais para um par de aparelhos, um tipo de esqueleto externo, usado nas pernas.
"Quando a pessoa pensa em andar, o ato de caminhar ocorre", afirma Nicolelis.
Richard A. Andersen, especialista em tais sistemas do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, e que não participa da experiência, afirma: "Este foi um avanço importante no sentido de se obter locomoção com uma interface cérebro-máquina".
Um outro especialista, Nicho Hatsopoulos, professor da Universidade de Chicago, diz: "Essa experiência foi um desenvolvimento empolgante. E o uso de um exoesqueleto poderá ser bem proveitoso".
Uma interface cérebro-máquina é qualquer sistema que permite que pessoas e animais usem a sua atividade cerebral para controlar um dispositivo externo. Mas até que sejam descobertas maneiras seguras de implantar com segurança eletrodos em cérebros humanos, a maior parte das pesquisas continuará centrada em animais.
Durante os preparativos para o experimento, Idoya foi treinada para caminhar de pé em uma esteira. Ela apoiou-se em uma barra com as mãos e recebeu petiscos - passas e Cheerios - à medida que caminhava em velocidades diferentes, para frente e para trás, 15 minutos por dia, três dias por semana, durante dois meses.
Enquanto isso, eletrodos implantados na chamada área da perna no cérebro de Idoya registravam a atividade de 250 a 300 neurônios que emitiam sinais enquanto ela caminhava. Alguns neurônios ativaram-se quando as suas articulações do calcanhar, do joelho e da bacia moveram-se. Outros responderam quando os pés dela tocaram o chão. E alguns emitiram sinais em antecipação aos movimentos da macaca.
Para obter um modelo detalhado dos movimentos de pernas de Idoya, os pesquisadores também pintaram o calcanhar, o joelho e a bacia dela com maquiagem fluorescente e, utilizando uma câmera especial de alta velocidade, registraram os seus movimentos em vídeo.
O vídeo e a atividade das células cerebrais foram a seguir combinadas e traduzidas para um formato que pudesse ser lido por um computador. Esse formato é capaz de prever com uma precisão de 90% todas as permutações de movimentos das pernas de Idoya três ou quatro segundos antes que tais movimentos ocorram.
Na quinta-feira, uma Idoya alerta e pronta para trabalhar subiu na esteira e começou a caminhar em um ritmo constante com eletrodos implantados no cérebro. O seu padrão de caminhada e os seus sinais cerebrais foram coletados, armazenados em um computador e transmitidos por uma conexão de Internet de alta velocidade para um robô em Kyoto, no Japão.
O robô, chamado CB, as iniciais de Computational Brain (Cérebro Computacional), conta com a mesma mobilidade que um ser humano. Ele é capaz de dançar, agachar-se, apontar e "sentir" o chão com sensores implantados nos pés, e não cai, mesmo quando é empurrado.
Projetado por Gordon Cheng e seus colegas dos Laboratórios de Neurociência Computacional ATR em Kyoto, o robô foi escolhido para a experiência devido à sua capacidade extraordinária de imitar a locomoção humana.
À medida que os sinais cerebrais de Idoya chegavam aos ativadores de CB, a missão da macaca era manter o robô caminhando em um ritmo constante por meio da atividade cerebral dela. Ela podia ver a parte anterior das pernas de CB em uma enorme tela em frente à sua esteira, e recebia petiscos caso fosse capaz de fazer com que as articulações do robô se movimentassem em sincronia com os movimentos das suas pernas.
Quando Idoya andava, CB caminhava exatamente no mesmo ritmo. Registros do cérebro de Idoya revelaram que os seus neurônios disparavam sinais toda vez que ela e o robô davam um passo.
"Ele está andando!", disse Nicolelis. "Este é um pequeno passo para um robô e um passo gigante para um primata".
Os sinais enviados do cérebro de Idoya para o robô, e o vídeo do robô enviado de volta a Idoya, foram transmitidos em menos de um quarto de segundo, diz ele. A velocidade da transmissão foi tão elevada que os movimentos do robô sincronizaram-se com a experiência feita com a macaca.
Após uma hora de experiência, os pesquisadores submeteram Idoya a um teste inesperado. Eles interromperam o movimento da esteira. Todos prenderam a respiração, na expectativa para ver o que Idoya faria.
"Os olhos dela mantiveram-se super concentrados nas pernas de CB", conta Nicolelis.
Ela recebeu uma dose abundante de petiscos. O robô continuou andando. E os pesquisadores ficaram eufóricos.
Quando os sinais cerebrais de Idoya fizeram o robô caminhar, alguns neurônios do cérebro dela controlavam as suas próprias pernas, enquanto outros controlavam as do robô. Este último conjunto de neurônios basicamente sintonizou-se com as pernas do robô após cerca de uma hora de prática e resposta visual.
Idoya não é capaz de falar, mas os sinais do seu cérebro revelaram que depois que a esteira parou, ele pôde manter CB andando durante três minutos, controlando as pernas do robô, e não as suas próprias pernas.
Nicolelis explica que a visão é um sinal poderoso e dominante no cérebro. O córtex motor de Idoya, onde foram implantados os eletrodos, começaram a absorver a representação das pernas do robô, como se estas pertencessem à própria Idoya.
Em experiências anteriores, Nicolelis descobriu que 20% de todas as células em um córtex motor de macaco só mostraram-se ativas quando um braço robótico movimentou-se. Ele disse que isso significa que ferramentas como braços e pernas robóticas poderiam ser assimiladas por meio de aprendizagem na representação corporação de um animal.
No futuro próximo, Idoya e outros macacos bípedes receberão mais feedback de CB na forma de micro-estímulos para os neurônios que especializam-se na sensação de tato relacionado às pernas e aos pés. Quando os pés de CB tocarem o solo, sensores detectarão a pressão e calcularão o equilíbrio. Nicolelis diz que quando tal informação for diretamente transmitida aos cérebros dos macacos, estes terão a forte impressão de que são capazes de sentir os pés de CB tocando o chão.
Ao se chegar a tal estágio, irá se pedir aos macacos que façam CB andar pela sala por meio unicamente dos pensamentos deles.
"Demonstramos ser possível transmitir sinais para o outro lado do planeta na mesma escala de tempo em que funciona um sistema biológico", diz Nicolelis. "Aqui o alvo foi um robô. Mas poderia ter sido um guindaste. Ou qualquer ferramenta de qualquer tamanho ou magnitude. O corpo não conta com um monopólio quando se trata de concretizar os desejos do cérebro".
Para provar o que diz, Nicolelis e o seu colega, Manoel Jacobsen Teixeira, um neurocirurgião do Hospital Sírio-Libanês em São Paulo, Brasil, pretendem demonstrar até o final do ano que os seres humanos são capazes de movimentar um exoesqueleto com os seus pensamentos.
Não é incomum que pessoas tenham os braços deslocados das articulações dos ombros em acidentes de motocicleta ou automóvel, diz Nicolelis. Em tais casos, todos os nervos são rompidos, deixando o braço paralisado, mas com dor crônica.
Teixeira está implantando eletrodos na superfície dos cérebros desses pacientes e estimulando a região subjacente na qual o braço é representado. A dor cessa.
Nicolelis diz que ao se inserir os mesmos eletrodos um pouco mais profundamente no cérebro, deverá ser possível registrar a atividade cerebral envolvida na movimentação e na intenção de mover o braço. Os braços paralisados dos pacientes serão então colocados em um exoesqueleto ou invólucro equipado com motores e sensores que enviam sensações de toque de volta ao cérebro.
"Eles deverão ser capazes de movimentar os braços com os seus pensamentos", afirma Nicolelis. "Isto é a ficção científica tornando-se realidade".

Biblioteca da Universidade de Aveiro expõe equipamentos

Biblioteca da Universidade de Aveiro expõe equipamentos para pessoas com necessidades especiais
Chama-se «Biblioteca Aberta do Ensino Superior (BAES) - equipamento, software e conteúdos para pessoas com necessidades especiais», é uma exposição organizada pelos Serviços de Documentação da Universidade de Aveiro.
Esta mostra tem por objectivo dar a conhecer um conjunto de recursos bibliográficos, materiais informáticos e equipamentos mecânicos, de aquisição recente, alguns pouco conhecidos, e pode ser visitada ao longo desta semana (de 14 a 19 de Janeiro) na Sala Hélène de Beauvoir - Biblioteca da UA entre as 10h00 e as 12h00 e as 14h00 e as 17h00.

Esta exposição permite apreciar ou experimentar equipamentos para utilizadores invisuais ou com baixa visão (lupa para amblíopes, impressora e linha Braille); equipamentos mecânicos concebidos para pessoas com necessidades especiais (equipamento para virar páginas e braço articulado, entre outros); computadores para acesso aos conteúdos digitais com software específico para servir utilizadores com dificuldades de visão ou outras; digitalizador planetário para livros a cores, ergonomicamente construído para possibilitar o acesso a pessoas
com necessidades específicas.

Produzidos no âmbito de um projecto em parceria com nove universidades portuguesas designado BAES, os conteúdos em Braille, em registos sonoros e em texto digital, estão disponíveis a alunos com necessidades educativas especiais das respectivas universidades. O acesso aos conteúdos da Universidade de Aveiro é efectuado através do catálogo bibliográfico ou do repositório SInBAD. É objectivo futuro do BAES integrar novos públicos, através de novas
possibilidades de colaboração ou de protocolos com instituições.

terça-feira, janeiro 15, 2008

Certic acusa Governo de extinguir compromissos das operadoras móveis

O coordenador do Centro de Engenharia de Reabilitação, em Vila Real, criticou hoje o Governo pela «extinção» dos compromissos com os cidadãos com necessidades especiais, assumidos pelas operadores de telecomunicações, em 2000, e avaliados em 100 milhões de euros.

Francisco Godinho coordena o Centro de Engenharia de Reabilitação em Tecnologias de Informação e Comunicação (CERTIC), da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), que, nos últimos cinco anos, tem desenvolvido projectos dirigidos a pessoas com necessidades especiais.

Em conferência de imprensa realizada, hoje, em Vila Real, o responsável apresentou as conclusões de uma avaliação feita pelo CERTIC às iniciativas de acessibilidade para cidadãos com necessidades especiais desenvolvidas pelos operadores de comunicações móveis com licença de terceira geração.

Explicou que, em 2000, o concurso de atribuição das licenças de telecomunicações móveis de terceira geração valorizou em 50 por cento as propostas de carácter social no âmbito da Sociedade da Informação, nomeadamente projectos de acessibilidade para cidadãos com deficiência ou idosos, que representam 22 por cento da população portuguesa.

«Foram reservados 100 milhões de euros para esta área mas os compromissos dos operadores estão a ser colocados em causa com a decisão de redireccionar o investimentos para o programa e-iniciativas», afirmou.

O responsável referiu que, em meados de 2007, o Governo «reorganizou» o destino dos compromissos dos operadores aplicando uma «parte muito substancial» no programa e-iniciativas (e-Escola, e-Professores e e-Oportunidades), destinado a professores, alunos do secundário e cidadãos em acções de formação profissional.

«Com este acordo, as obrigações dos operadores móveis, com licenças de terceira geração para projectos na área da Sociedade de Informação, passaram a ser consideradas cumpridas e extintas, como é determinado num despacho do Ministério das Finanças», afirmou.

Para Francisco Godinho, «esta decisão implicou a extinção dos compromissos com as populações com necessidades especiais, numa fase em que o investimento ainda estava quase todo por aplicar nesta área».

«O Governo foi injusto e prejudicou muito as pessoas com necessidades especiais, com deficiência e idosas. Foi algo negligente e é importante que compense ou repare o que aconteceu», frisou.

Uma compensação que, defendeu Francisco Godinho, deveria ficar estabelecida na nova regulamentação da televisão digital terrestre em Portugal, a qual poderia garantir a possibilidade de existir um intérprete de língua gestual opcional ou áudio-descrição para pessoas cegas.

Francisco Godinho sugere ainda que, em matéria de «reserva de capacidade e obrigação de transporte e difusão», seja atribuída maior largura de banda à RTP, SIC e TVI para poderem fornecer serviços de acessibilidade adequados à tecnologia digital.

A Lusa tentou obter uma reacção do Ministério das Obras Públicas a esta acusação, sem sucesso até agora.

De momento, o engenheiro aguarda a tramitação de uma petição, enviada a título individual à Comissão de Obras Públicas, Transportes e Comunicações, da Assembleia da República, com o objectivo de clarificar o «ponto da situação» dos compromissos com as necessidades especiais, dos operadores de telecomunicações móveis.

Francisco Godinho acrescentou que, entre Janeiro de 2001 e Dezembro de 2007, as «operadoras terão investido em projectos e ofertas especiais para pessoas com deficiência e idosos aproximadamente um milhão de euros«".

«Este valor corresponde a cerca de um por cento do valor comprometido pelas quatro operadoras de UMTS licenciadas em 2000», salientou.

Com o encerramento da OniyWay, as outras três empresas dividiram o espectro que lhe havia sido atribuído e assumiram os seus compromissos.

Francisco Godinho referiu ainda que a Vodafone «foi claramente o operador móvel nacional que mais iniciativas apoiou para populações com necessidades especiais, com um investimento de 700 mil euros».

«É aproximadamente o dobro dos conjunto dos restantes operadores (TMN e Optimus)», disse.

sábado, janeiro 05, 2008

PRESS RELEASE DO CERTIC

O Centro de Engenharia de Reabilitação em Tecnologias de Informação e Comunicação (CERTIC) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está a avaliar as iniciativas dos Operadores de Telecomunicações Móveis de 3ª Geração relativas à Acessibilidade para Cidadãos com Necessidades Especiais, entre 2000 e 2007.

Este trabalho estará concluído em 15 de Janeiro de 2008 e vem no seguimento de uma petição submetida à Assembleia da República em 2007 pelo coordenador deste Centro na qual solicita a clarificação dos compromissos dos operadores de telecomunicações móveis de 3ª geração em projectos para cidadãos com necessidades especiais, avaliados em 2000 no valor de 100 milhões de Euros.

O cumprimento dos compromissos dos operadores de telecomunicações foi colocado em causa pelo Governo em 2007 com a decisão de redireccionar esses compromissos para a subsidiação de computadores para professores, alunos de 10 º ano e cidadãos em acções de formação profissional.

O CERTIC pretende tornar público o resultado destas iniciativas e que o Governo faça uma reparação e compense o injusto desvio de prioridades, nomeadamente na atenção às acessibilidades da Televisão Digital Terrestre.

Em 2007 o CERTIC propôs a criação de medidas para a acessibilidade dos cidadãos com necessidades especiais na regulamentação da Televisão Digital Terrestre em Portugal. Entre outras medidas, sugeriu que, em matéria de ‘reserva de capacidade e obrigação de transporte e difusão’, seja atribuída maior largura de banda à RTP, SIC e TVI para poderem fornecer serviços de acessibilidade adequados à tecnologia digital.

A avaliação das iniciativas dos Operadores de Telecomunicações Móveis está a ser feita num Blog na Internet no endereço http://sol.sapo.pt/blogs/peticao344/ e no principal fórum electrónico de acessibilidade do país, há muitos anos dinamizado pelo CERTIC.

O CERTIC espera que o Parlamento se prenuncie sobre esta matéria dentro de poucos dias pois já receberam a informação que solicitaram ao Governo e aos operadores de telecomunicações no âmbito da referida petição. Têm todos os elementos para tirarem conclusões, tal como o peticionário.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

REALIZAÇÕES DO PLANO DE ACÇÃO DA UE EM MATÉRIA DE DEFICIÊNCIA PARA 2006-2007

Acessibilidade de bens e serviços

O regulamento de 2006 relativo aos direitos das pessoas com deficiência e das pessoas com mobilidade reduzida no transporte aéreo[1] é o primeiro texto legislativo que põe em pé de igualdade pessoas com deficiência e pessoas sem deficiência. Nos termos deste diploma, as autoridades aeroportuárias são obrigadas a prestar assistência e adaptações gratuitas, assim como garantir a acessibilidade. Foram impostas obrigações semelhantes para o sector dos serviços ferroviários internacionais.

A acessibilidade às tecnologias da informação e da comunicação (TIC) foi promovida, em conformidade com a comunicação sobre Info-acessibilidade («eAccessibility»)[2]. Foi emitido um mandato de normalização com a finalidade de definir os critérios europeus de acessibilidade para os contratos públicos de produtos e serviços no domínio das TIC, que deve ter em conta a questão da avaliação da conformidade. Um estudo sobre a legislação dos Estados-Membros em matéria de acessibilidade às comunicações electrónicas apontou para a necessidade de reforçar a legislação europeia neste domínio[3]. Houve um investimento significativo na investigação e no desenvolvimento de TIC acessíveis e de tecnologias de apoio[4].

O diálogo em curso com as autoridades dos EUA, apoiado pelos utilizadores e o sector das TIC, centra-se nas normas e nas vantagens dos mercados globais em matéria de acessibilidade. A Comissão participa nos trabalhos do Access Board Committee dos EUA, a quem cabe a revisão das normas da secção 508 do Rehabilitation Act (lei da reabilitação) dos EUA. Foi igualmente trocada informação sobre a utilização de normas de acessibilidade para o ambiente construído.

A Comissão apoiou diversos projectos-piloto e programas de investigação em matéria de acessibilidade do ambiente construído. Os resultados incluem um guia destinado à administração pública para que a acessibilidade seja considerada nos contratos públicos para a construção de edifícios, materiais pedagógicos sobre a acessibilidade para profissionais e a criação de uma rede europeia sobre turismo acessível.

PRIORIDADES PARA 2008-2009

Fomentar a acessibilidade a bens, serviços e infra-estruturas

Um melhor acesso aos bens, serviços e infra-estruturas de base pode permitir que as pessoas com deficiência se assumam como consumidores. Um mercado europeu da acessibilidade requer regras claras para os sectores em causa. As pessoas que, nos vários sectores, participem na concepção, desenvolvimento e produção devem possuir competências adequadas em matéria de acessibilidade. Para que a acessibilidade seja uma realidade, há que adaptar os instrumentos à evolução específica dos ciclos destes sectores.

A Comissão está a desenvolver quadros legislativos em matéria de acessibilidade nos domínios dos transportes e das TIC. Com base na recente legislação europeia em matéria de transporte aéreo e no regulamento relativo aos direitos das pessoas com deficiência e das pessoas commobilidade reduzida no sector dos serviços ferroviários internacionais, a Comissão pretendeapresentar propostas legislativas para o transporte marítimo e para o transporte por autocarro.

No que respeita às TIC, é intenção da Comissão aproveitar a revisão do pacote sobre comunicações electrónicas para reforçar as disposições em matéria de acessibilidade, nomeadamente no que respeita aos serviços de emergência e das comunicações textuais. Na sequência do compromisso assumido em 2005 na comunicação sobre Info acessibilidade (eAccessibility), a Comissão procedeu a uma avaliação dos progressos e apresentou novaspropostas na comunicação sobre info-inclusão . Em especial, a Comissão pretende adoptar, em 2008, uma abordagem legislativa horizontal com vista a garantir uma sociedade de informação acessível, a igualdade de direitos e um mercado interno eficaz. Foi atribuído um orçamento de mais de 100 milhões de euros às actividades de introdução e de investigação TIC acessíveis.

Uma maior competitividade nestes domínios, permitirá um maior desenvolvimento do mercado europeu da acessibilidade, o que reforçará a sua posição no mercado global. O desenvolvimento e a utilização de normas em matéria de acessibilidade incentiva a criação de soluções compatíveis e competitivas, por exemplo no que diz respeito aos contratos públicos, que têm em conta as exigências funcionais dos utilizadores, assim como questões de interoperabilidade, permitindo soluções inovadoras.

A acessibilidade do ambiente construído contribui para a sustentabilidade do mercado da construção. Com o objectivo de encorajar o desenvolvimento de espaços públicos acessíveis a todos, a Comissão pretende conferir um mandato aos organismos europeus de normalização para a definição de critérios de acessibilidade a utilizar nomeadamente nos contratos públicos.
Documento disponível em http://www.inr.pt

quarta-feira, janeiro 02, 2008

AS ACESSIBILIDADES E A DEFICIÊNCIA – O MEU TESTEMUNHO

No passado dia 18 de Dezembro fui ao CARTÓRIO NOTARIAL DE SANTARÉM – ANTÓNIO INÁCIO, afim de tratar de um assunto. Ando com uma canadiana e com alguma dificuldade em virtude de uma deficiência que tenho nos ossos e de uma fractura recente numa perna, a qual agravou ainda mais a situação. No entanto, embora procure sempre o elevador, consigo aceder mesmo a locais com escadas embora com alguma dificuldade.

Quando cheguei á entrada do CARTÓRIO NOTARIAL DE SANTARÉM – ANTÓNIO INÁCIO verifiquei que não conseguia entrar, pois de um lado uns degraus muito altos e sem corrimão e do outro lado UMA RAMPA TÃO INCLINADA QUE ERA UM AUTENTICO PRECIPICIO. Ninguém consegue subir aquela rampa numa cadeira de rodas e para a descer, seria como a rampa de lançamento para uma grande queda!!!

Como não conseguia entrar pus-me a fazer sinais cá fora, para alguém me ajudar a entrar (situação nada dignificante para qualquer ser humano como devem imaginar). Veio então uma funcionária do notário mas mesmo com a ajuda dela, escorreguei na referida rampa e magoei-me imenso.

Para além de ter ficado magoada, fiquei muito nervosa e pedi o LIVRO DE RECLAMAÇÕES, pois estava afixado que o referido estabelecimento o possuía.

Pedi para falar com o responsável, que me informou que tinha razão mas tinha que reclamar junto da Direcção Geral de Registos e Notariado do Ministério da Justiça.
Entretanto a funcionária alegou que não sabia do LIVRO DE RECLAMAÇÃOES e tive que me vir embora.

Quando cheguei a casa ainda não refeita do susto, telefonei para o Cartório Notarial de Santarém – António Inácio, para voltar a falar com o responsável. Informaram-me que naquela altura não me podia atender, mas ficaram com os meus contactos e com a promessa de que ele me iria contactar.

Até hoje estou à espera do telefonema!!!

A funcionária teve que me ajudar a sair dali, pois não o conseguia fazer sozinha.
Nem sequer me perguntaram se precisava de cuidados médicos.

Enquanto lá estive, durante cerca de meia hora, um senhor de idade também escorregou ao entrar, mas não disse nada.
Entretanto contactei com a DECO, e fui informada que no caso de uma entidade se negar a entregar o LIVRO DE RECLAMAÇÕES devemos a chamar a autoridade, polícia ou GNR.
Aqui o meu testemunho de uma situação vivida na 1ª pessoa que me faz sentir alguma mágoa por viver neste país, pois decerto em Espanha mesmo aqui ao lado esta situação não tinha acontecido.
Espero que este e-mail sirva para alertar a consciência de que de direito para o problema das acessibilidades.
Para o efeito, agradeço que reencaminhem para a vossa rede de contactos.
Obrigada
Ana Simão