domingo, agosto 10, 2008

Do Minho ao Algarve em cadeira de rodas

Do Minho ao Algarve em cadeira de rodas
LUIS HENRIQUE OLIVEIRA

Um paraplégico e uma portadora de paramiloidose partiram, na última semana, de Valença, com destino ao Algarve, em duas cadeiras de rodas. Objectivo: denunciara desigualdade de oportunidades.

Pouco passava das 11 horas de quinta-feira quando José Lima e Rosa Carvalho chegavam, em cadeiras de rodas adaptadas, à frente ribeirinha de Viana do Castelo.Culminavam, assim, a primeira de um conjunto de 14 etapas, com final previsto para o próximo dia 14, em Quarteira (Loulé), percurso com mais de 900 quilómetrosdurante os quais os portadores de deficiência, residentes em Viana do Castelo, pretendem chamar a atenção do país para o que consideram ser uma "vergonhosa"o problema de desigualdade de oportunidades.

Três horas e meia foi quanto durou a primeira etapa da Volta a Portugal em Cadeira de Rodas (VPCR), que ligou Valença a Viana do Castelo, numa extensãode meia centena de quilómetros.

Ao fim, José Lima, de 53 anos, que ficou paraplégico há 11 devido à queda de um elevador que estava a reparar, em Angola, afiançava que, caso os apoiosprometidos "por uma dúzia de empresa e instituições" se concretizassem, não seriam dois os participantes na prova, mas dezena e meia.

Apenas com o apoio da Câmara de Loulé (outras falharam), que permitiu a compra de uma "handbike", repartem entre os dois a cadeira adquirida, durante opercurso.

Licenciado em Electrónica Industrial, José Lima ligou, no ano passado, Viana do Castelo a Faro para alertar para a causa da deficiência, assinalando que,desta feita, a VPCR visa dar a conhecer uma colectividade por si dinamizada, associação que tem por meta colocar, "pelo menos", um atleta nos Jogos Paralímpicosde 2012.

À chegada a Viana do Castelo, Rosa Carvalho, de 48 anos, que padece de paramiloidose (também conhecida por "doença dos pezinhos"), apontava o dedo ao mauestado em que se encontra a Estrada Nacional 13: "Começar custou um pouco. Acho que custa sempre. Mas os buracos existentes na estrada também dificultaramo percurso. Valeu-nos o contributo de muitos jovens, que nos acompanharam durante grande parte da viagem".