Uma dezena de pessoas participou num concursopara lembrar as limitações diárias daqueles doentes
2009-04-15
JOÃO PEDRO CAMPOS
Portugal continua a ter muitas barreiras para os tetraplégicos. O Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro, na Tocha, lembrou, ontem, as dificuldades que aqueles doentes enfrentam no dia-a-dia.
Segundo o director do CMRRC, Jorge Laíns, "há vários obstáculos, quer arquitectónicos quer culturais, que são muito difíceis de ultrapassar". "Só o facto de se sentarem numa cadeira de rodas já tem um grande custo psicológico, mesmo quando às vezes a pessoa nem tem nada". O médico dá o exemplo do Japão, onde algumas cidades já quebraram as barreiras arquitectónicas e possuem maiores acessibilidades. "Isto diz muito da evolução das sociedades", considera. Entende ainda que a situação do tetraplégico é "horrível do ponto de vista pessoal", em que até para acções simples como coçar a cara é necessário pedir a alguém.
Para lembrar as limitações, e no seguimento do Dia do Tetraplégico, o CMRRC promoveu um concurso no qual os participantes se sentavam em cadeiras de rodas e recriavam actividades simples do dia-a-dia. "A ideia partiu de um tetraplégico aqui do centro e achámos que seria uma forma de dar a conhecer a situação complicada em que vivem", explica Jorge Laíns. O objectivo, prossegue, "não é dar a ideia de lamechice, que o tetraplégico é um coitado, mas sim fazer ver que todos têm direito à felicidade e a uma qualidade de vida".
Cerca de uma dezena de pessoas participou no concurso e comprovou as dificuldades quotidianas dos doentes, queixando-se sobretudo da impossibilidade de mexer as mãos.
A ideia partiu de Virgílio Lachado, de 24 anos. A 1 de Dezembro de 2007, ficou tetraplégico num acidente de viação, quando ia ao lado do condutor, e hoje só mexe a cabeça e os ombros. "Vê-se a vida de maneira muito diferente. Há uma perspectiva de querer e não poder", conta o paciente, há um ano no CMRRC. Adianta que a iniciativa surgiu para mostrar ao público "que o mundo lá fora não tem nada adaptado a pessoas na nossa situação".
O drama que vive não o impede, contudo, de viver a vida. "Através de um mecanismo, consigo aceder à Internet, falo com amigos no MSN e estou sempre a pesquisar tratamentos e inovações nesta área", sublinha. O maior sonho que tem actualmente é poder fazer as actividades essenciais sem ajuda. "Se pudesse comer e tomar banho sozinho, já seria muito bom", confessa.
Virgílio era empregado de escritório numa empresa de transportes públicos. Depois de ter tido o acidente, tem-se interessado por todo o tipo de tratamentos que podem ser feitos em deficiências motoras, seja em pesquisas ou em conversas com médicos e enfermeiros. "Há dois anos, não sabia nada, agora tenho quase um curso", brinca.
A concluir, Virgílio lamenta que a sociedade olhe para os tetraplégicos como "coitadinhos" e dá o exemplo de uma pessoa que conheceu já depois do acidente. "É tetraplégico e se tudo correr bem vai ser o primeiro engenheiro de reabilitação do país", conta.
1 comentário:
ola, sou a mae de um rapaz que teve um acidente de mota a 23/05/09 e ficou tetraplegico, meche pouco a cabeça pois ainda é cedo, consegue mecher alguma coisa os braços sem mecher as maos e nada mais, está a3 semanas no hospital da prelada gostava de trocar ideias com outros tetra e familias pois estou muito cega em relação a problemas que possam vir a surgir e o apoio que possa dar ao meu filho ele chama-se alvaro e o acidente foi no porto e eu moro em lisboa, está a ser muito dificil a distancia é muita.gostava de trocar impressoes com pessoas sobre estes doentes.Meu endereço lina.58@live.com.pt muito obrigado pela v. ajuda.
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