sexta-feira, novembro 21, 2008

Dia Mundial da Usabilidade

Seminário e “Jantar às escuras” marcaram celebração única em Portugal

Jantar no restaurante pode parecer uma tarefa simples para qualquer pessoa, agora imagina-se incapaz de saber qual é a ementa, onde estão os talheres, o guardanapo ou o copo, ou até mesmo, de que lado do prato está a carne, o arroz ou as batatas. Imagina-se a comer completamente às escuras. Uma experiência que dezenas de pessoas experimentaram na cantina da UTAD.

Vários alunos, funcionários e docentes da Universidade de Trás-os-Montes (UTAD) participaram num “jantar às escuras”, uma iniciativa realizada no âmbito do Dia Mundial da Usabilidade, que serviu de alerta para as dificuldades do dia-a-dia dos invisuais.

“A minha maior dificuldade foi a organização do espaço”, explicou Rosa Pinto, umas das várias dezenas de pessoas que aceitaram o desafio de vendar os olhos para sentir ‘na pele’ as dificuldades vividas pelos cegos, num acto tão simples como uma refeição.

Sem saber onde estão os talheres ou a disposição dos alimentos no prato, a “cliente” da cantina da UTAD identificou uma das principais dificuldades, como ter uma noção da quantidade de alimentos por cada garfada, o que acaba por espalhar a comida um pouco por todo o tabuleiro.

Para Rosa Pinto a experiência cumpriu o seu objectivo, fazer “reflectir sobre as dificuldades dos invisuais”. “Passamos a vida a correr e nunca pensamos nessa possibilidade”, referiu.

Mas, o “Jantar às escuras”, organizado pelo Núcleo de Alunos de Engenharia de Reabilitação, não representou uma iniciativa isolada, marcou o culminar do Dia Mundial da Usabilidade, que este ano, em Portugal, apenas foi assinalado na UTAD.

“Tivemos como principal objectivo reflectir e debater sobre as dificuldades sentidas pelas pessoas com deficiência”, sobretudo a acessibilidade nos transportes, explicou Francisco Godinho, responsável pelo Centro de Engenharia de Reabilitação em Tecnologias de Informação e Comunicação (CERTIC), da UTAD, referindo que esse foi exactamente o tema focado, nesta edição, do Dia Mundial. Relativamente à situação da rede de transportes públicos de Vila Real, o docente e investigador da universidade transmontana explicou que, embora a frota esteja preparada ao nível da existência de acessos adequados a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, nas condições de segurança a situação já não é tão positiva. “Faltam os sistemas de retenção de passageiros”, defendeu Francisco Godinho, revelando que os deficientes apresentam alguma resistência inicial em utilizar os serviços da Corgobus, devido à insegurança que sentem ao viajarem sem os devidos sistemas de retenção.
O responsável pelo CERTIC mostrou-se satisfeito pelo facto da Corgobus ter aceitado o desafio de “informar e sensibilizar” os seus motoristas sobre as melhores formas de lidar com um passageiro detentor de um qualquer tipo de deficiência ou limitação.
No fórum foram ainda debatidas questões como a falta, em Trás-os-Montes e na região Norte, de escolas com carros adaptados para o ensino de condução à pessoas com deficiência ou de táxis adaptados.

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