domingo, julho 01, 2007

Quadros Interactivos e Crianças com Surdez: uma experiência positiva!

É já do conhecimento comum que as novas tecnologias permitiram grandes avanços a nível do trabalho desenvolvido junto de crianças com necessidades educativas especiais. Como instrumentos de comunicação alternativa, como recurso pedagógico de desenvolvimento de novas competências, como ambiente de múltiplas expressões, as tecnologias oferecem a estas crianças possibilidades que nunca puderam usufruir antes. Estudos desenvolvidos em diversos países comprovam mesmo que os resultados obtidos são altamente positivos.

"Quer o pessoal, quer os alunos da nossa escola são peritos em adoptar novas ideias e novas tecnologias, que possam sobretudo melhorar as oportunidades de ensino e de aprendizagem nas salas de aula. Os quadros interactivos revelaram-se uma ferramenta dinâmica, visualmente atractiva e acessível, que ajuda os alunos a obter melhores resultados. Este case study vem precisamente demonstrar que esta nova tecnologia é particularmente benéfica para trabalhar com crianças surdas. O quadro interactivo foi utilizado nas aulas de Língua Gestual Inglesa. O objectivo principal consistiu em: proporcionar oportunidades para desenvolver competências em TIC nas diversas áreas curriculares e permitir aos alunos ganhar confiança a gosto a partir das actividades que realizam com a nova ferramenta.

A aprendizagem da linguagem gestual é uma actividade que requer um ambiente visuo-espacial dinâmico e interactivo, que necessita de formas de apresentação e troca de informação que traduzam os pensamentos dos alunos. Foram realizadas diversas actividades que envolveram os quadros interactivos durante 10 meses. Uma dessas actividades denominou-se "Morcegos de Papel", que terminou com uma apresentação em PowerPoint acerca do que se aprendeu com ela.
A primeira tarefa era levar as crianças a construir o texto relativo às instruções de construção do morcego. Foi pedido às crianças que escrevessem cada passo dessa construção, com frases simples, que comecem com um verbo. A segunda tarefa seria apresentar esse trabalho a um público convidado para o efeito, recorrendo ao Quadro Interactivo. As crianças divertiram-se bastante! A grande dimensão do quadro permitiu que todas as crianças pudessem aceder ao quadro. A quantidade de linguagem e comunicação gerada à volta da actividade foi fantástica. As crianças não se sentiram intimidadas pelas interpelações do público por causa do elevado nível de interactividade da tarefa. Se lhes tivesse pedido para o fazerem manualmente com papel e cola, teriam sentido menos confiança. Numa actividade realizada em conjunto e "ao vivo", os erros puderam ser discutidos e resolvidos em público, sem precisar de riscos e cruzes a vermelho. Por fim, as crianças puderam visualizar num mesmo ecrã todas as etapas de construção do morcego.

Em jeito de avaliação, registamos os seguintes pontos:
As crianças surdas não têm a possibilidade de estar a trabalhar num computador e ouvir em simultâneo as instruções do professor. A sua atenção visual só pode estar focada numa coisa de cada vez. A criança tem que olhar para o ecrã, depois olhar apenas para o professor, entender a informação e só depois voltar ao ecrã. Com o quadro interactivo, a sua aprendizagem pode ser bastante melhorada. As crianças podem reunir-se à volta de um ecrã gigante e ficar completamente envolvidas naquilo que precisam de saber e fazer.
A facilidade em tomar notas e fazer comentário, guardá-los e imprimi-los revelou-se extremamente útil.
Mesmo para crianças que também têm problemas visuais, o ecrã de grandes dimensões, com objectos, textos e ícones grandes facilitou bastante a sua actividade e participação.
A longo prazo, sentimos também que as crianças melhoraram a sua auto estima e orgulho pelo seu trabalho.
As oportunidades para desenvolver actividades interactivas foram imensas. Os alunos sentem-se envolvidos, pelo seu visual apelativo e pela facilidade de acesso.
As crianças mais pequenas aprenderam a manusear mais facilmente esta tecnologia, mesmo sem saber utilizar o computador e controlar o rato.
Verificámos que mesmo nas crianças mais pequenas, ou com défices de atenção, conseguiram dedicar períodos de tempo mais vastos a uma mesma actividade.
A conclusão final a que podemos chegar é que o projecto foi um sucesso e que acreditamos no potencial que esta tecnologia tem para oferecer, em especial às crianças com surdez. É difícil definir se o sucesso virá do estilo educativo do professore ou da própria tecnologia. Eu diria que serão os dois".
Autor: Alison Carter, Fonte: http://www.bgfl.org/bgfl/custom/resources_ftp/client_ftp/teacher/ict/whiteboards/index.htm
Imagens: Miguel Castro e José Gomes

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