Município construiu, nos últimos três anos, um mapa da acessibilidade, numa área em torno de troços da rede de metro.
A Câmara do Porto apresenta hoje um novo serviço online que permite saber, em algumas zonas da cidade, que tipo de obstáculos irá encontrar um cidadão com mobilidade reduzida. "É uma espécie de Google Maps da acessibilidade", brinca a provedora do Cidadão com Deficiência do município, Lia Ferreira.
O Portal do Sistema de Itinerários Acessíveis (SIA) vai ser apresentado durante um seminário sobre Espaço Público para Todos, que vai decorrer no Teatro do Campo Alegre e que se realiza no âmbito do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. Construído ao longo dos três últimos anos e apoiado por fundos europeus, o SIA está disponível em http://sia.cm-porto.pt e permite realizar duas tarefas - consultar um mapa da cidade e simular trajectos, dentro da zona mapeada, mostrando as dificuldades de acessibilidade que existem pelo caminho.
É uma ferramenta que, por enquanto, não cobre toda a cidade. João Pestana, da divisão municipal de Planeamento e Ordenamento do Território, que coordenou todo o projecto, explica que, nesta primeira fase, o metro foi a espinha dorsal da informação recolhida: "Identificámos as estações entre a Casa da Música e Campanhã e entre S. Bento e o Hospital de S. João e, a partir destes locais, seleccionámos uma área com 500 metros de raio, onde localizámos todos os edifícios públicos que lá existiam. A partir daqui procurámos os caminhos óbvios entre dois pontos e identificámos os obstáculos existentes."
Exemplo simples: entrando na página do SIA, que estará também disponível através do site da autarquia, vai encontrar a opção "calcular itinerário". Seleccione, por exemplo, o trajecto da estação de metro de S. Bento até ao Gabinete do Munícipe (por enquanto, não lhe será possível inserir moradas, tendo que cingir-se às que já estão pré-definidas no site) e ser-lhe-á apresentado o trajecto que mais lhe convém, além das dificuldades que poderá encontrar e informação sobre o acesso no próprio edifício de destino.
A acessibilidade está organizada segundo um sistema de cores - o trajecto aparecerá a verde se for plenamente acessível, a vermelho, se não o for, e a laranja, se tiver alguns obstáculos -, mas Lia Ferreira afirma que o site está também "disponível para ser consultado por cegos e daltónicos". Os resultados do levantamento servirão também de instrumento de trabalho aos serviços camarários. "Chegámos à conclusão de que uma grande área do espaço analisado já está requalificada. Há alguns troços vermelhos que, com alguma intervenção, podem passar a verde. Esperamos que, no futuro, a informação sirva para que a câmara possa, por exemplo, ao discutir o orçamento, estimar uma verba para as áreas identificadas a vermelho e que são prioritárias", diz a provedora.
Em termos viários, as maiores dificuldades identificadas na cidade têm a ver com a ausência de passeios rebaixados (embora 47% deles já tenham sido corrigidos), a falta de rampas e - o maior dos problemas - o perfil das próprias ruas. "Há ruas tão apertadinhas que é difícil incluir um passeio com as dimensões que devem ter para passar uma cadeira de rodas e ainda deixar a área necessária à circulação automóvel", diz Lia Ferreira.
No futuro, Lia Ferreira e João Pestana têm a expectativa de poder alargar a área incluída no SIA e, também, de conseguir novo apoio comunitário que permita corrigir os problemas já encontrados nas ruas e edifícios públicos da cidade. A possibilidade de poder disponibilizar, também, informação sobre os edifícios privados - lojas ou hotéis, por exemplo - é outra das aspirações da provedora, mas ainda sem data para se concretizar.