quinta-feira, junho 26, 2008

Spread the sign

“ Celebrar a diversidade linguística, promover a acessibilidade e a excelência educativa dos surdos" são os principais objectivos da conferência internacional que acontece no Auditório A2 da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da U.Porto (FPCEUP), dia 3 de Julho .

Esta conferência surge como resultado da reflexão em torno do projecto Spreadthesign, um projecto piloto financiado pelo Fundo Social Europeu, que conta com a participação de seis equipas europeias compostas por surdos e ouvintes de: Espanha, Lituânia, Suécia, República Checa, Reino Unido e Portugal, cuja equipa é coordenada por Orquídea Coelho (presidente da Comissão Organizadora).

Para além do debate em torno do projecto, refere esta docente e investigadora da FPCEUP e do Centro de Investigação e Intervenção Educativas), esta conferência pretende promover a "acessibilidade e a excelência educativa dos surdos, através da divulgação, reflexão e discussão acerca das práticas educativas com surdos, adoptadas nos países participantes, sendo, por isso, uma celebração da diversidade linguística e um ponto de encontro e de partilha de distintas comunidades surdas e ouvintes".

A conferência tem início marcado para as 9h15 da manhã, vai prolongar-se até às 18h30 e tem tradução simultânea em 6 línguas gestuais: portuguesa, checa, lituana, inglesa, espanhola e sueca. Entre os dias 3 e 4 de Julho vão decorrer actividades paralelas com exposições, performances (em diferentes línguas gestuais), cinema de realizadores surdos e actores surdos em língua gestual sueca e a projecção de um documentário sobre a língua gestual portuguesa realizado por surdos.
AS / REIT

domingo, junho 01, 2008

Detectadas falhas ao nível das paragens

Detectadas falhas ao nível das paragens, das viaturas e da informação disponível no site

O Centro de Engenharias de Reabilitação em Tecnologias da Informação e Comunicação (CERTIC), da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, realizou um estudo para avaliar as condições de acessibilidade e segurança dos transportes urbanos de Vila Real, assegurados pela empresa Corgobus. Foram apontadas falhas à acessibilidade das viaturas, no site oficial e nas paragens.
Francisco Godinho, coordenador do CERTIC e mentor do estudo, referiu que, apesar da legislação de 2004 (DL 58/2004) não permitir a entrada em circulação de autocarros sem acessibilidades em serviços de transportes públicos urbanos, “há uma lacuna na legislação”. Em 2005 e 2008, a Corgobus introduziu três autocarros antigos que não estão adaptados a pessoas que se deslocam em cadeira de rodas. Esses veículos são utilizados, segundo Francisco Godinho, em horas de maior afluência porque têm maior capacidade. “É preocupante que não haja um mecanismo que impeça, condicione ou minimize a entrada de veículos antigos”, afirmou.
O professor apontou ainda o dedo à autarquia vila realense. “Os concessionários das frotas, neste caso a câmara, podiam regulamentar a introdução de autocarros que já cumprissem aquelas normas. Está nas suas mãos resolver essa situação, mas há falta de exigência e de preocupação.”
Já no início de Março, João Queirós, o director executivo da Corgobus, tinha referido ao Mensageiro que estava prevista a substituição das viaturas que não cumprem as normas, apenas se aguardava pela sua construção. Agora, João Queirós reafirma que os dois autocarros vão entrar em circulação no mês de Julho e que a terceira viatura ficará como autocarro de reserva para “entrar pontualmente em funcionamento, em caso de avaria”. “Em Julho, os autocarros em linha vão estar todos adaptados”, frisou o responsável pela Corgobus. Em relação aos autocarros adaptados, o estudo refere ainda que, apesar da frota ter piso rebaixado e com rampa, um espaldar para o encosto da cadeira de rodas e uma barra de apoio amovível, “não é suficiente”. “O sistema de segurança dos autocarros continua incompleto, porque tem que ter um cinto de segurança. Isso é algo que tem que se corrigir urgentemente”, diz Francisco Godinho. Ainda que “não seja obrigatório, era uma boa prática”, equipar a frota com um sistema electrónico de avisos sonoros e visuais para debitar informações aos passageiros com deficiência visual. O estudo recomenda ainda informação áudio para o exterior, visto que só existe informação visual.
Também o site da Corgobus mereceu algumas críticas. “Uma pessoa cega que queira saber os horários dos autocarros não consegue. A forma mais simples era ir ao site e copiar o horário, mas o que acontece é que eles têm isso em formato de imagem”, apontou Francisco Godinho. “O site não cumpre as regras de acessibilidade na criação de conteúdos web. Já não se esperava que tivessem os horários em braille, mas que tivessem em formato de texto para que a pessoa possa imprimir em braille ou então usarem leitores de ecrã”, acrescentou. Na opinião do professor, há um subaproveitamento do site, já que deveria ser utilizado para “tornar pública a informação sobre os horários dos autocarros acessíveis para as pessoas em cadeiras de rodas”. “Tem que haver informação sobre os horários desses autocarros para que as pessoas não fiquem nas paragens à sorte, à espera de um autocarro acessível”, destacou. Depois de tomar conhecimento das conclusões do estudo realizado pelo CERTIC, João Queirós reagiu assim: “a Corgobus está a cumprir o contrato que tem com a câmara municipal de Vila Real e todas as viaturas e toda a actividade está certificada e regulada por entidades competentes. Não temos qualquer problema e cumprimos na íntegra as obrigações que temos”. O estudo foi também enviado para a câmara de Vila Real, no sentido de contribuir para a resolução dos problemas de acessibilidade que ainda se fazem sentir nos transportes públicos.

Paragens “críticas”

O CERTIC verificou ainda problemas de acessibilidade e segurança para pessoas com mobilidade reduzida nas paragens. Apesar da responsabilidade ser da câmara e das juntas de freguesia, existem paragens sem espaço reservado para aproximação dos autocarros; com barreiras para o autocarro colocar as rampas, como por exemplo os mecos colocados no passeio contíguo ao Jardim da Carreira; obstruídas por protecções das corridas do Circuito de Vila Real; com lancis rampeados. Alguns abrigos também servem de obstáculo, quando o espaçamento é inferior à distância necessária para uma pessoa de cadeira de rodas poder passar (situação que acontece em frente à Escola Secundária S. Pedro) seja para entrar no autocarro ou para permanecer no abrigo. Contudo, a autarquia está apostada em melhorar as paragens dos autocarros, por isso lançou recentemente um concurso para a colocação de plataformas bus.